Seu bebê nasceu, e agora? Ao chegar da maternidade com o filho nos braços, inicia-se uma nova jornada na vida da mamãe e do papai. O novo sempre causa dúvidas e preocupações, ainda mais quando se trata de um ser tão pequenino e frágil como o bebê. É nessa hora que os pais precisam respirar fundo e conter a ansiedade.
É normal que mães de primeira viagem se perguntem “Por que ele está chorando?” ou “Será que ele está com fome?”, ou ainda “Como devo dar banho nele?”. Toda informação envolvendo a saúde o bem-estar do recém-nascido é válida, mas é importante ter calma para não fazer com que um momento simples do desenvolvimento do bebê se torne uma grande preocupação.
Para ajudar as mamães e papais a relaxarem e esclarecer algumas de suas dúvidas, a pediatra, Neonatologista pela Sociedade Brasileira de Pediatria, Dra. Rosângela Garbers traz informações importantes. Confira:
Choro
No início da vida a única linguagem do recém-nascido é o seu choro. Somente com o passar dos dias de convivência os pais vão aprendendo a identificar os diversos tipos de apelos do seu bebê. “Ele pode chorar por diversas razões, como sono, calor, frio, fome, dor, desconforto ou apenas necessidade do embalo, aquele mesmo embalinho que acontecia quando ele estava na barriga da mãe”, explica a pediatra. Os pais, ansiosos e apreensivos (com razão), na maioria das vezes, têm dificuldade em resolver esses episódios com calma e serenidade, os quais, na verdade, são os ingredientes mágicos para que tudo fique bem. “Se o bebê chorar por fome, após ser alimentado, ele vai ficar saciado, acalmar-se e dormir. Porém, se ele tiver dor ou cólicas, será difícil acalmar o pequeno.”
Cólicas
As cólicas do recém-nascido são transitórias, iniciam-se em torno da terceira semana de vida e costumam, em média, estender-se até o quarto mês. A cólica tem origem multifatorial, mas acredita-se que a imaturidade do sistema intestinal seja a causa principal. A alimentação materna como causa de cólicas do recém-nascido e lactente ainda é controversa, mas a ingestão de leite e alimentos derivados do leite de gado pela mãe parece ter um papel importante nesta etiologia. “Com cólicas, o bebê chora, agita-se, inquieta-se, movimenta as perninhas inconsolavelmente e esses episódios podem durar de uma hora até três horas.
E o que fazer? Calma e serenidade, música suave, compressas mornas na barriga, banho morno, massagens e aconchego no colo auxiliam muito. Remédios só com prescrição médica e nada de receitas ‘da vizinha’”, ensina.
Higiene
Segundo a Dra. Rosângela, o banho do recém-nascido deve ser rápido, com sabonete sem perfume e Ph neutro, para não alterar a acidez da pele, necessária para a proteção contra infecções. O coto umbilical precisa ser mantido limpo, seco e receber álcool 70% duas vezes ao dia. Após a queda do coto umbilical, manter higiene local até que não exista mais nenhum sinal de sangramento. Nessa fase, os cuidados com a pele do bebê, que é muito sensível, fina e serve como barreira protetora contra infecções, é fundamental. Na face, alguns recém-nascidos, em torno de 30%, podem apresentar lesões, que lembram “acne dos adolescentes”, com espinhas e pequenos cravos.
Isto ocorre por liberação de hormônios maternos durante a gestação e amamentação e podem permanecer de 1 a 6 meses. Não há necessidade de tratamento, apenas o uso de água fria ou chá de camomila em forma de compressas.
A febre
A febre não é doença, mas, sim, um sinal de alerta de que algo não está bem. A temperatura do recém-nascido considerada normal é entre 36,6 e 37,2 graus centígrados. Caso haja dúvida se o bebê está com febre, é sempre recomendado colocar um termômetro. “Primeiro avalie se o bebê não está com muita roupa ou coberta, provocando o aumento da temperatura. Avalie também a hidratação do recém-nascido, pois em muitos casos a “descida do leite materno” faz-se mais tardiamente e a ingestão do recém-nascido fica prejudicada.
O pediatra vai avaliar a necessidade de um leite complementar. E o terceiro e importante fator é a exclusão de doenças infecciosas, que no recém-nascido reveste-se de grande urgência, necessitando exames laboratoriais complementares”, explica.
Regurgitação e refluxo gastroesofágico
De acordo com a Dra. Rosângela, todos os bebês possuem episódios de regurgitação e refluxo gastroesofágico, porque se alimentam com frequência. Os mecanismos fisiológicos do ser humano que evitariam estes episódios, ainda são imaturos, e o esfíncter, que evita o retorno do leite do estômago para o esôfago e a boca, só vai ficar competente após alguns meses de vida. Portanto, regurgitar e vomitar nos primeiros meses de vida de um bebê saudável, sorridente, que cresça e ganhe peso adequadamente e não tenha sintomas importantes, é considerado normal.
O refluxo se torna doença quando altera o desenvolvimento normal e qualidade de vida da criança e, nesse caso, será preciso tratar, sendo necessária a avaliação do paciente. “Medicamentos só podem ser administrados com orientação do pediatra, e este poderá orientar os pais sobre o que significa refluxo fisiológico e refluxo doença.” Bebês com episódios frequentes de refluxo podem apresentar soluços repetidos, que são contrações involuntárias do músculo diafragma. São benignos e desaparecem espontaneamente com o passar dos meses.