Diarreia ou constipação, vômitos, sangue nas fezes, perda ou dificuldade de ganho de peso. Esses são sinais e sintomas de que seu filho pode apresentar algum tipo de alergia alimentar. Entre 6% e 8% das crianças menores de três anos podem portar o problema. Segundo a gastroenterologista pediátrica Dra. Clara Campos Fernandes, a reação é desencadeada a cada nova exposição àquela comida, podendo surgir logo depois da ingestão/contato com o alimento ou após um intervalo de alguns dias. As manifestações podem abranger diversos sistemas (digestório, pele, respiratório) e até mesmo serem generalizadas, com potencial risco de morte. A mais comum é a Alergia à Proteína de Leite de Vaca (APLV), que desperta uma série de dúvidas nos pais. As principais a Dra. Clara esclarece a seguir:
APLV é a mesma coisa de intolerância à lactose?
Não. A intolerância à lactose é causada por má-absorção do açúcar do leite, sem mecanismo imunológico envolvido. É raríssima esta condição em lactentes. É importante saber que há essa diferença, pois ao contrário da pessoa que tem intolerância à lactose, o portador de APLV não pode, por exemplo, tomar leite sem lactose, pois esse tipo de leite também tem a proteína que gera a alergia.
Diagnóstico
Existem alguns exames que podem auxiliar no diagnóstico da alergia imediata, porém não há exames para o tipo tardio, sendo feito o diagnóstico com a retirada total da proteína potencialmente alergênica, inclusive da alimentação da mãe que amamenta.
Tratamento
A retirada do alimento alergênico ainda é o único tratamento eficaz. O aleitamento materno tem efeito protetor e, no caso de sua impossibilidade, fórmulas específicas devem ser utilizadas. Alguns alimentos devem ser evitados devido ao risco de reativação clínica, como outros leites de origem animal. A restrição alimentar na gestação e amamentação de crianças com maior chance de alergia é controverso. Deve-se evitar restrições desnecessárias, pelo risco de aporte nutricional inadequado.
Desaparecimento e acompanhamento
A alergia a leite, ovo, trigo e soja tendem a desaparecer na infância, enquanto as de amendoim e camarão podem durar a vida inteira. Os pacientes com alergia alimentar necessitam de controle clínico, avaliação pôndero-estatural e orientação alimentar.