Existem hoje vários tipos de exames que são realizados logo que o bebê nasce. São exames de triagem neonatal, importantes para prevenir doenças e até mesmo detectar alguma alteração. Um desses exames é o Teste do Olhinho, que não dói, é rápido e simples. O oftalmologista, ao lado do pediatra, deverá ser um médico companheiro do seu filho, desde o nascimento. Ele irá orientar quanto aos cuidados para o perfeito desenvolvimento da visão e, se necessário, tratar precocemente alterações que possam aparecer. “Hoje, a recomendação é que sejam feitos, além do Teste do Olhinho, avaliações oftalmológicas periódicas anuais - ou em menor espaço de tempo se houver suspeita de alterações -, para evitar a possibilidade de que doenças tratáveis possam levar a uma perda visual permanente”, explica o Dr. Cassiano Rodrigues Isaac, oftalmologista do CBV (Centro Brasileiro de Visão). Para entender a importância do Teste do Olhinho e saber quais são as principais doenças visuais que podem acometer seu bebê, o Dr. Cassiano traz informações importantes. Confira:
Como é feito o Teste do Olhinho?
O Teste do Olhinho ou Teste do Reflexo Vermelho é um exame que deve ser realizado pelo pediatra, ou qualquer médico treinado, de preferência antes da alta da maternidade, e deve ser repetido nas consultas de rotina do bebê no decorrer do primeiro ano de vida. É um teste simples e rápido, realizado em sala escura, com utilização de um aparelho chamado oftalmoscópio, por meio do qual podemos observar as características do reflexo da luz nos olhos da criança.
O que é o Teste do Olhinho Ampliado?
É um exame mais detalhado dos olhos, realizado com o RetCam, um aparelho que permite avaliação do olho com imagens fotográficas de alta resolução. Essas imagens são avaliadas por oftalmologistas e permitem o diagnóstico precoce de diversas doenças, como: retinopatia da prematuridade; catarata congênita; retinoblastoma (tumor da retina); infecções e hemorragias da retina, etc. O Teste do Olhinho simples pode não identificar algumas destas perturbações visuais, principalmente em fases iniciais, quando o tratamento é mais fácil e eficaz.
O que é a catarata congênita?
A catarata é uma opacificação da lente natural do olho, o cristalino. Quando presente, ela pode impedir a entrada de luz nos olhos, levando a uma significativa baixa visual. É um caso de urgência oftalmológica e o ideal é que a cirurgia seja realizada nos dois ou três primeiros meses de vida, sob risco de perda visual irreversível. Quando a catarata é muito pequena, pode ser acompanhada por um oftalmologista, sem a realização da cirurgia.
E por que levar o bebê ao oftalmologista entre seis meses e um ano de vida?
Existem várias doenças que podem passar despercebidas pelos pais e que, se não tratadas, podem trazer problemas futuros de difícil resolução. Isso porque alterações nessa fase levam a prejuízos no desenvolvimento da capacidade visual, a chamada ambliopia, que ocorre nos primeiros anos de vida. O tratamento da ambliopia pode ser por meio de cirurgia, para corrigir a causa, com uso de óculos ou de oclusores oculares (tampão). Porém, o tratamento só terá bons resultados se realizado precocemente.
Conheça algumas doenças visuais na infância
Estrabismo: desvio ocular que pode atingir crianças de qualquer idade e que pode ser pequeno e de difícil percepção sem exames específicos. Se não tratado, pode levar à ambliopia significativa;
Erros refracionais: alteração no “grau do olho”, como miopia e hipermetropia, que devem ser tratados precocemente, caso estejam provocando embaçamento visual significativo. Podem acometer crianças de qualquer idade e atrapalhar o seu desenvolvimento, inclusive o escolar;
Glaucoma: provocado pela pressão alta nos olhos, pode levar à cegueira, caso não seja tratado o mais rápido possível;
Alterações da retina: infecção por toxoplasmose é um exemplo de problema que deve ser investigado, por ser muito comum no Brasil. Também se deve ficar atento ao retinoblastoma, um câncer que pode acometer os olhos da criança e que deve ser tratado precocemente, sob risco de disseminação para outras partes do corpo.
Conjuntivites: inflamações da conjuntiva, uma fina membrana que recobre a parte branca do olho (esclera). Podem ter diversas causas. As principais são as infecciosas (por vírus ou bactérias) e as alérgicas. Diversas situações podem simular conjuntivites, mas, na verdade, são provocadas por inflamações dentro dos olhos e não na conjuntiva. É importante que um diagnóstico preciso seja feito, para se evitar uso de medicações não apropriadas para o caso e que, inclusive, podem levar a outros efeitos colaterais. Como exemplo, podemos citar colírios que contêm corticoides em suas fórmulas, e que, se usados indevidamente, podem provocar desenvolvimento de catarata e glaucoma.