Ensinar seu filho a cuidar dos dentes desde pequeno, atenta para que as visitas ao dentista sejam feitas periodicamente conforme indicação profissional, é um investimento que trará benefícios para o resto da vida dele. O Manual da Mamãe - Crianças e Adolescentes traz dois especialistas na área, a odontopediatra Dra. Daniela Romano e o ortodontista Dr. Victor Hugo O. Cavalcante, para que você saiba como manter a saúde bucal infantil em dia:
Acompanhamento odontopediátrico
Na infância, qual deve ser a periodicidade das visitas ao odontopediatra? Por quê?
Dra. Daniela Romano - A fase de manutenção para controle e prevenção de doenças bucais, que deve ter frequência específica, é determinada individualmente para cada caso, com base no tipo de tratamento, risco e atividade da doença, fase de crescimento e desenvolvimento em que se encontra a criança ou adolescente atendido.
A partir de que idade as crianças já conseguem escovar os dentes sozinhas? Como os pais devem auxiliá-las neste momento?
Dra. Daniela Romano - A nossa recomendação é que os pais ou responsáveis realizem a escovação da criança até que ela mesma tenha condições neuromotoras de realizar a higienização sozinha. Isso deve coincidir aproximadamente com o início da alfabetização, por volta dos seis anos de idade. Nesta fase, os pais devem, então, passar a responsabilidade da escovação para a criança, mas continuar a supervisioná-la durante o ato, até que ela esteja apta a realizar esse procedimento por si só.
Como tornar a escovação mais “divertida” e atrativa às crianças?
Dra. Daniela Romano - A orientação de higiene ao paciente deve ser reforçada e repetida várias vezes durante o tratamento, não devendo ser apenas parte inicial ou final de uma consulta. Entendemos que a criança deve trazer sua escova de dentes em todas as consultas como parte de seu treinamento e sua educação para criar o hábito. Todo sucesso de qualquer programa educativo envolve conscientização e motivação da criança e da família. Precisa ser adequado a cada paciente e respectivos pais, transmitido de forma simples e eficiente, com abordagem motivacional apropriada para cada faixa etária.
Quando começam a nascer os primeiros dentes permanentes?
Dra. Daniela Romano - Mais ou menos por volta dos seis anos de idade ocorre a erupção dos primeiros molares permanentes e incisivos inferiores permanentes. Ao perceberem que o primeiro molar está nascendo, os pais devem levar a criança ao odontopediatra. Lá serão tomadas medidas preventivas e adequadas de higienização.
Acompanhamento ortodôntico
Existe idade correta para que a criança visite o ortodontista pela primeira vez para uma avaliação, mesmo que não desconfie da necessidade de um tratamento? Por quê?
Dr. Victor Hugo - A Associação Americana de Ortodontia recomenda que todas as crianças tenham uma consulta com o ortodontista antes dos sete anos de idade, pois alguns problemas ortodônticos podem ser corrigidos facilmente se tratados cedo. Esperar que todos os dentes permanentes irrompam ou até o crescimento facial estar completo pode tornar a correção de alguns problemas mais difícil ou até limitada. É bom esclarecer que diversos problemas ortodônticos são tratados com maior eficiência aguardando-se o início do surto de crescimento e o final da dentição permanente. Por isso, o acompanhamento de um bom ortodontista é muito importante para não se perder o melhor momento para o início do tratamento e, também, para não iniciá-lo antes do necessário. Uma avaliação ortodôntica em qualquer idade é recomendada se os pais, dentista da família ou médico do paciente notar algum problema.
Quais os problemas ortodônticos mais comuns em crianças e adolescentes?
Dr. Victor Hugo - Os mais comuns são: o apinhamento dental (dentes tortos); diastemas (espaçamentos entre os dentes); atresia maxilar (os dentes superiores estão dispostos de forma mais estreita que os inferiores); retrognatismo (o maxilar inferior é menor que o superior); e prognatismo (crescimento excessivo da mandíbula). Há também a sobremordida exagerada, caracterizada por um excesso vertical da região anterior da maxila e/ou uma sobre-erupção dos dentes dessa região; e a mordida aberta, quando os dentes da maxila e da mandíbula não se encontram.
O que muda na higiene bucal da criança com o uso do aparelho?
Dr. Victor Hugo - Os pacientes que usam aparelhos ortodônticos fixos devem ter atenção redobrada quanto à higiene, com controle constante e orientações dadas pelo ortodontista. Com os aparelhos removíveis, além da higiene dos dentes, são recomendados os mesmos cuidados com o aparelho, a fim de evitar a retenção de placa no aparelho e o sabor desagradável. Existem no mercado escovas dentais próprias para a higiene do aparelho fixo. A vida útil das escovas dentais dos pacientes ortodônticos é menor. Portanto, ela deve ser substituída sempre que necessário. A escovação horizontal (vai-e-vem) deve ser evitada, pois machuca a gengiva e provoca erosão nos dentes. Os movimentos com a escova no sentido da gengiva para os dentes ajuda a remover a placa bacteriana e a manter a gengiva saudável.
Os benefícios de um tratamento ortodôntico para crianças é apenas estético? Explique.
Dr. Victor Hugo - Não. O principal objetivo da ortodontia é o perfeito alinhamento dentário. Isso, além de melhorar a aparência, facilita a mastigação, promove a higiene bucal e, consequentemente, diminui a incidência de cáries e doenças na gengiva. Com o correto alinhamento dos dentes também se pode evitar problemas de respiração, deglutição e fala.