Quem tem alergia sabe: não há cura, há controle, baseado em três pilares: controle ambiental (retirada do alérgeno envolvido), farmacoterapia (controle dos sintomas) e por último a imunoterapia (vacinas). Segundo a especialista em alergia e imunologia pela USP Dra. Lorena de Castro Diniz, este último é um tratamento consagrado na alergia e imunologia há mais de um século e o único atualmente que permite modificar a história natural da doença alérgica. Acompanhe a entrevista com a profissional e entenda como este tratamento pode beneficiar seu filho:
O que é imunoterapia?
A imunoterapia com alérgenos, também chamada de vacina para alergia, é uma forma de tratamento utilizada com o objetivo de diminuir a sensibilidade de pessoas que se tornaram alérgicas a determinadas substâncias. Permite que deixe de ser hipersensível aos alérgenos e volte a ser tolerante.
Como a imunoterapia é feita?
Muito segura e quase desprovida de efeitos adversos, quando bem avaliada e observada, pode ser realizada na via injetável (subcutânea) e sublingual, tendo em média um tratamento profilático de médio prazo (1 a 5 anos). Os esquemas variam de acordo com cada paciente, sendo necessária uma consulta com alergologista e imunologista credenciado pela Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI).
Qual o objetivo da imunoterapia?
A imunoterapia procura reduzir o grau de sensibilização impedindo reações alérgicas imediatas graves e, também, interferir na inflamação característica das condições alérgicas de longa evolução observadas na rinite alérgica e na asma brônquica.
Quando a imunoterapia pode ser indicada?
A impossibilidade do afastamento total do contato com o alérgeno, a intensidade das manifestações clínicas que determinem necessidade de medicação constante e a concordância do paciente em receber imunoterapia são fatores que devem ser analisados na indicação da imunoterapia com alérgenos. Pode ser indicada para pessoas sensíveis aos ácaros da poeira doméstica, pólens, fungos e venenos de insetos (abelhas, vespas, marimbondos e formigas). Não existe ainda indicação de imunoterapia para alergia a alimentos, mas sim a indução de tolerância, e nem para os quadros de alergia por contato.
Quais os benefícios da imunoterapia?
As vacinas para alergia provocam diminuição dos sintomas de rinite e asma, com melhora perceptível na qualidade de vida da pessoa alérgica. Em pacientes com rinite existem estudos demonstrando que a imunoterapia pode prevenir o surgimento de sensibilização para outros alérgenos e também impedir a evolução de rinite para asma. O emprego de imunoterapia com veneno de insetos é muito eficaz em bloquear a reatividade do alérgico, provocando o desaparecimento da sensibilização alérgica. A pessoa alérgica somente tem acesso a esta forma de tratamento através de indicação e orientação médica detalhada.
A imunoterapia é sugerida quando:
1. Há uma resposta incompleta aos medicamentos prescritos;
2. Os medicamentos causam efeitos colaterais inaceitáveis;
3. Não é possível evitar o alérgeno;
4. Há um desejo de diminuir o uso dos medicamentos a longo prazo;
5. Pode prevenir o desenvolvimento de alergias adicionais ou problemas de saúde relacionados. Em crianças, por exemplo, as vacinas têm diminuído a probabilidade de desenvolver asma.
Saiba mais sobre alergia
O que é alergia?
Alergia é uma reação do sistema imunológico, mais precisamente uma reação exagerada, em uma pessoa geneticamente predisposta. Uma das apresentações mais comuns de alergia é caracterizada pela formação de anticorpos, chamada de imunoglobulina E (IgE). Esses anticorpos são específicos para componentes (alérgenos) do ambiente, como os ácaros da poeira, pólens, fungos, alimentos e insetos.
De que forma a alergia pode se manifestar?
Uma vez que a pessoa tenha se sensibilizado (formado anticorpos IgE), a reação alérgica pode ocorrer de forma imediata após o contato com o agente (alérgeno) ou se estabelecer lentamente vindo a se manifestar de forma contínua. Exemplo de manifestação aguda e potencialmente grave é a reação anafilática que pode ser desencadeada por alimentos, medicamentos e por insetos, como abelhas, vespas (marimbondos) e formigas. Por outro lado, a asma e a rinite alérgica ou rinoconjuntivite alérgica são exemplos de manifestações alérgicas que ocorrem de forma crônica por exposição contínua a alérgenos do ambiente derivados de ácaros, pólens e fungos do ar, entre outros.