Infecções de ouvido, nariz e garganta sempre são uma dúvida para a mamãe. Quase nunca há a certeza do que fazer. Dar um remédio que a vizinha indicou ou fazer aquele chazinho pode ser perigoso. O melhor mesmo é procurar um especialista. A pediatra e otorrinolaringologista Dra. Fernanda Garrote respondeu ao Manual da Mamãe os principais questionamentos envolvendo esses problemas. Confira o que um otorrinolaringologista pode fazer pelo seu filho:
Quando devo levar meu bebê ao otorrinolaringologista?
Primeiramente, leve-o para avaliar surdez, pois estima-se que, no Brasil, três a cinco crianças em cada mil nascem surdas e a intervenção precoce pode minimizar os problemas gerados pela surdez, como a dificuldade para a fala, aprendizagem e interação social. Se o bebê apresenta choro às mamadas e ao tocar na orelha, pode ser otite. Se tem obstrução nasal, que não melhora com as higienizações com solução fisiológica, também necessita de avaliação.
O que posso fazer para prevenir que meu filho tenha infecções de ouvido?
O bebê não deve mamar deitado. Recomendamos não deixar entrar água no ouvido, podendo ser utilizado um algodão grande embebido em um pouco de óleo. Vacine-o contra as bactérias hemófilos e pneumococos, que protegem também contra pneumonia e me-ningite. Evite contato com o cigarro. Faça boa higienização nasal com solução fisiológica, sobretudo quando a criança está resfriada. Se frequentar berçário, procurar um que tenha menos de dez bebês por sala.
Quando suspeitar de surdez em criança pré-escolar e escolar?
Deve-se suspeitar em crianças que não reagem a sons, não respondem quando são chamadas, falam muito alto, aumentam muito o volume da TV ou equipamento de som, têm dificuldade de aprendizagem e falta de atenção, apresentam trocas fonêmicas, pedem que repitam a fala.
Meu filho está sempre “gripadinho”, tem muitas infecções de ouvido, garganta e secreção no nariz. O que pode estar acontecendo?
As infecções de vias aéreas superiores são muito comuns na infância, sobretudo as virais (podendo chegar a mais de seis episódios ao ano), que podem evoluir para infecções bacterianas em alguns dias. Assim, a criança que tem contato precoce em escolinhas, que teve aleitamento materno por menos de seis meses, que é submetida a choques térmicos frequentes, pode adoecer mais. Também podem estar envolvidos fatores alérgicos (ri-nites), obstrutivos (como o aumento das amigdalas e adenóides), refluxo gastroesofágico e imunodeficiências. O otorrinolaringologista deve avaliar cada caso.
Meu filho tem sangramento nasal, o que fazer?
O sangramento nasal (epistaxe) é frequente nas crianças, principalmente se estão resfriadas, com sinusite (catarro esverdeado no nariz por mais de duas semanas) , se têm o hábito de colocar o dedo dentro do nariz, podendo causar trauma. Mas também pode ser que tenham pequenos vasos dilatados no nariz, outras doenças na cavidade nasal ou sejam portadoras de distúrbios sistêmicos, como as doenças hemorrágicas ou hipertensão arterial, que precisam da intervenção médica. Em caso de sangramento nasal ainda no domicílio, a criança deverá permanecer sentada, com a cabeça inclinada para frente e o nariz deverá ser comprimido continuamente durante 10 minutos; pode-se também colocar gelo na nuca ou no nariz com a interposição de um pedaço de pano entre a pele e o gelo. O nariz deve ser higienizado com solução fisiológica nasal pelo menos três vezes ao dia.
Meu filho ronca, falta o fôlego quando dorme, baba no travesseiro, respira de boca aberta e tem o sono agitado. O que pode ser?
Pode ser respiração nasal insuficiente, levando a respiração oral, que pode acarretar a dificuldade de aprendizagem, baixo peso e estatura, irritabilidade, distúrbios de má-oclusão dentária, alterações posturais, distúrbios da tonicidade da musculatura facial, labial e da língua, distúrbios da fala, voz, mastigação e deglutição. Pode ser causada pelo tamanho aumentado das amigdalas e adenóides, rinites, desvios de septo nasal, disfunção neurológica etc. A abordagem requer uma avaliação multidisciplinar, envolvendo o otorrinolaringologista.
Meu filho tem a voz rouca, o que pode ser?
A rouquidão na criança pode ser causada por abuso vocal em crianças que falam ou gritam muito, levando ao nódulo vocal (calo nas pregas vocais). Pode ser também devido a outras anormalidades nas pregas vocais, alergias e refluxo gastroesofágico. O diagnóstico é realizado pela visualização das pregas vocais através da videonasolaringoscopia, exame realizado no consultório do Otorrinolaringologista.