Vontade de comer por dois, desejos estranhos, fome reduzida, mudanças mínimas no modo de alimentar-se... Assim é a variação do apetite das mulheres grávidas, quase sempre inconstante. Por isso, existe uma grande preocupação com a correta nutrição da gestante. “O ganho de peso adequado e a ingestão de energia e nutrientes serão de importância vital para o adequado crescimento e desenvolvimento do bebê”, avalia a nutricionista Dra. Cristiane Machado Godoy. Ela explica que o primeiro trimestre é a fase em que praticamente o bebê é formado e a saúde do embrião depende muito da condição nutricional da mãe. Já no segundo e terceiro trimestres, o meio externo exerce influência direta no estado nutricional do feto.
Então, fica a dúvida, o que não pode faltar no prato da gestante? “Costumo dizer às pacientes que a gestação não precisa ser encarada como um momento de privação, mas, sim, de prestarmos mais atenção à alimentação. Saber escolher o que colocar no prato pode ser decisivo entre uma gestação saudável e tranquila e uma gestação com intercorrências indesejáveis. Tendo em mãos algumas dicas, fica mais fácil elaborar um plano alimentar para toda a gestação e aí é só esperar o grande dia.” Fique de olho nas orientações da Dra. Cristiane:
Energia extra!
A partir do segundo e terceiro trimestres geralmente é necessário um acréscimo de 300 calorias para suprir o aumento do gasto energético da gestante, mas isso deve ser avaliado, pois tal indicação depende muito do peso da mulher quando descobriu a gestação e do ganho de peso que ela vem mantendo.
Proteína de alto valor nutricional
Existe também a necessidade de se aumentar o consumo de proteínas diariamente na gestação. Isso gira em torno de 10 gramas, o que equivale a mais um copo grande de leite ou a mais um bife pequeno. A proteína de alto valor nutricional é a animal, aquela que vem das carnes em geral (bovina, ave, peixe), do leite e derivados e dos ovos. Deve corresponder a, pelo menos, 50% da proteína total da dieta. O restante pode ser completado com proteína de origem vegetal, como grãos (feijão, grão de bico, lentilha). Para gestantes adolescentes esta quantidade é maior, pois acredita-se que elas também estão precisando de proteína para o próprio crescimento e desenvolvimento.
Ossos fortes!
Durante toda a gestação, o feto acumula 30 g de cálcio, sendo o último trimestre o período de maior absorção, aproximadamente 300 mg por dia. Seria como se ele absorvesse todo o cálcio de um copo grande de leite. Portanto, capriche no consumo deste nutriente. As principais fontes estão no leite e derivados, como queijos e iogurtes. Alguns vegetais também contêm cálcio, mas nosso organismo não absorve com a mesma eficiência, portanto não conseguimos alcançar facilmente a recomendação, a qual pode ser atingida com dois copos de leite, aproximadamente 30 gramas de queijo e um copo de iogurte. Para gestantes adolescentes, devemos aumentar mais uma porção destes alimentos.
Ácido Fólico
A necessidade de ácido fólico é aumentada na gestação, mas esta quantidade é dificilmente atingida com dieta normal, por isso é necessária a suplementação. Quando possível, deve ser iniciada um mês antes da gestação e continuar nas primeiras oito semanas gestacionais. A falta deste mineral está ligada à anemia megaloblástica e risco aumentado de desenvolver defeito do tubo neural.
Ferro
A quantidade do consumo de alimentos que são fonte ferro é aumentada para gestantes no segundo e terceiro trimestres, devido ao aumento das necessidades do feto. Neste período, deve-se aumentar o consumo de ferro heme, ou seja, o ferro vindo das carnes e vísceras. O ideal seria que a gestante consumisse pelo menos um bife de fígado por semana. Para melhorar a absorção do ferro não heme, aquele vindo de feijões e verduras verde-escuras, o correto é adicionar alimentos ricos em vitamina C às refeições. Chupe uma laranja após o almoço, por exemplo. E consumindo uma fruta cítrica ao dia, como a laranja, atingimos a recomendação diária da vitamina C para gestante.
Vitamina A
Apesar de ser muito importante para o bebê, esta vitamina pode ser tóxica quando ingerida em grandes quantidades. A recomendação de vitamina A é facilmente atingida quando alimentos que são fontes do nutriente estão presentes na alimentação da mamãe. A dica é que esses alimentos estejam presentes no cardápio, no mínimo uma vez por semana, em dias alternados. Alimentos ricos em vitamina A: mamão, cenoura, manga, batata doce, couve, espinafre e fígado bovino.
Vitamina D
A falta de vitamina D na gestação reflete no ganho de peso do bebê e pode prejudicar a massa óssea. Devem estar presentes no prato da futura mamãe: salmão, atum, sardinha, gema de ovo, óleo de peixe e fígado. Vale lembrar que a exposição ao sol produz vitamina D.
“A orientação alimentar descrita acima tem como objetivo oferecer informações com caráter genérico, não considerando diferenças existentes entre gestantes, como estado nutricional pré-gestacional, estado gestacional atual, doenças associadas, preferências e aversões alimentares. Procure um nutricionista e faça um plano nutricional individual para sua gestação.”