Diabetes gestacional: eu posso ter?
Mesmo sem nunca ter tido problemas relacionados a alterações de açúcar no sangue, é possível desenvolver diabetes na gravidez. O aumento da produção do hormônio lactogênio placentário pode prejudicar e até bloquear a ação da insulina materna, substância responsável pelo controle da quantidade de açúcar no sangue, o que permite que ele seja armazenado em excesso. Assim, o corpo precisa produzir insulina extra para atender às necessidades do bebê e se o organismo não conseguir fazer isso, a mulher pode desenvolver diabetes gestacional, a doença metabólica mais prevalente na gravidez, como afirma a endocrinologista Dra. Juliana Filus Coelho.

“Normalmente, a doença tende a aparecer após o segundo trimestre de gestação e pode ou não persistir após o parto. Portanto, deve ser investigada em todas as gestantes a partir de 24 semanas de gravidez, ou antes, em caso de existência de fatores de risco”, alerta a Dra. Juliana.

Entre os fatores de risco, a endocrinologista destaca gestação após os 35 anos; obesidade, sobrepeso ou ganho de peso excessivo durante a gestação; possuir a Síndrome dos Ovários Policísticos; história prévia de bebês com mais de quatro quilos ao nascer; história prévia de diabetes gestacional; histórico de diabetes gestacional na mãe da gestante ou em outros parentes de primeiro grau; hipertensão arterial sistêmica na gestação; gestação múltipla; antecedentes obstétricos de abortamentos de repetição, má-formação fetal, morte fetal ou neonatal; e baixa estatura materna (menor que 1,5 m).

A presença do diabetes na gestação leva a riscos à saúde tanto para a mãe quanto para o bebê, o que torna importantíssimo o diagnóstico e tratamento precoces. A Dra. Juliana explica que na mãe pode causar infecções urinárias de repetição, candidíase vaginal, aumento do risco de parto prematuro e mais chances de se tornar diabética futuramente. Também pode levar ao nascimento de bebês grandes, má-formação congênita, óbito fetal intrauterino, hipoglicemia pós-natal, etc.

O tratamento inicial do diabetes gestacional consiste em orientação alimentar que alie ganho de peso adequado com controle nos valores da glicose materna. A prática de atividades físicas sempre é bem-vinda, desde que não haja contraindicações obstétricas. Mas, caso a dieta e atividade física não surtam efeito, o uso de insulina é indicado.

“É importante destacar que a maioria das gestações complicadas pelo diabetes, quando tratada de maneira adequada, irá ter um excelente desfecho e os bebês nascerão saudáveis”, acrescenta a Dra. Juliana. A endocrinologista alerta ainda que toda mulher com diabetes gestacional deve repetir o exame da glicose aproximadamente seis semanas após o parto, para ter certeza de que ficou curada, visto que em torno de 15% das mulheres que tiveram a doença na gravidez ficam diabéticas após esse período.