Depressão na gravidez
O resultado do teste de gravidez deu positivo. O bebê que você tanto sonhava está para chegar. Mas por que é tão difícil levantar da cama? Por que você não tem vontade de comer, dormir ou de fazer coisas que antes eram tão prazerosas? Alerta: você pode estar com depressão. A psicóloga clínica e perinatal Marília Campos explica que muito cansaço, sentimento de culpa, sono demais ou falta dele, irritabilidade, apetite demasiado ou falta de vontade de comer são alguns dos principais sintomas da depressão.A doença atinge cerca de 10% de mulheres grávidas e requer tratamento. “É importante que a gestante nunca tente enfrentar a depressão sozinha, pois o bebê necessita de uma mãe saudável para cuidar dele, mesmo enquanto ele está na barriga”, explica. Saiba mais sobre o assunto: A gravidez, que deveria ser um momento de muita alegria, pode acabar se transformando em um mar de tristezas para a gestante. Por que isso acontece?A gestação é uma fase cercada de ansiedades e inseguranças já esperadas, uma vez que a mulher passa por nove meses de extremas transformações. As oscilações emocionais são bastante naturais. A sociedade espera que a gestante esteja radiante com a chegada de um filho e faz com que ela se sinta culpada por ter algum pensamento que considere negativo, pode parecer que algumas sensações ruins não lhe serão permitidas. Assim como quaisquer outros nove meses na vida, é provável que tenha momentos em que se sinta mais triste e outros que se sinta feliz. Quais são os sintomas da depressão durante a gestação?Os principais sintomas da depressão são a perda de interesse por atividades de que normalmente gostava, muito cansaço, sentimentos de inutilidade ou culpa, dificuldade de se concentrar, sono demais ou falta dele, irritabilidade, apetite demasiado ou falta de vontade de comer. Entretanto, o profissional deverá avaliar cada caso individualmente, pois alguns sinais típicos de gravidez podem ser confundidos com sintomas depressivos, como distúrbios de sono e do apetite, baixa energia e diminuição da libido. A depressão na gravidez pode fazer mal ao bebê?Mulheres deprimidas apresentam problemas em relação ao apetite e, consequentemente, têm peso menor do que o esperado na gestação, fatores que vêm sendo associados a prejuízos para o bebê ao nascer. Essas gestantes também apresentam maiores índices de abuso de álcool ou drogas ilícitas, o que também prejudica o bebê. Aquela que não recebe o tratamento adequado pode apresentar outras complicações, como baixa aderência ao pré-natal, aumentando a probabilidade de um parto prematuro. Quando é indicado o acompanhamento psicológico para as gestantes?O acompanhamento psicológico é indicado durante toda a gestação, pois ajuda a gestante a entrar em contato com o que é fundamental para conseguir se reencontrar como indivíduo e ter saúde emocional. Ter um espaço e tempo dedicados a essas reflexões e ao acolhimento dessas emoções com um profissional especializado pode fazer toda a diferença para que a mulher e o bebê possam passar por todas essas transformações de forma mais positiva, amorosa e mais respeitosa às necessidades de cada indivíduo dentro dessa rede familiar. Como é realizado esse acompanhamento?A gestante depressiva apresenta características comportamentais muito importantes que podem ser fortemente trabalhadas no processo terapêutico como:• Autopercepção negativa - tende a se criticar fortemente.• O pessimismo - percebe o mundo e as situações como grandes obstáculos a serem superados.• Visão negativa do futuro - suas projeções como mãe são sempre pautadas em sofrimentos e possíveis dificuldades, com sensações constantes de fracasso.Neste sentido, o processo terapêutico fornece ferramentas para que ela consiga fazer uma reavaliação das suas percepções, crenças e interpretações negativas, a fim de enxergar que sua percepção distorcida é a responsável pelos fatos acabarem se encaixando perfeitamente bem em suas pré-conclusões.A reestruturação cognitiva apresenta excelentes resultados nesses casos. A grávida passa a não se perceber mais como “vítima” das situações, mas, sim, como atuante e responsável por suas mudanças e pela obtenção de resultados positivos. Existem casos em que há necessidade do trabalho em conjunto do Psicoterapeuta com o Psiquiatra. O que não se pode deixar de fazer é procurar ajuda especializada.