Seu filho vai se adaptar à escola?
Num dia, junto com a mãe. No outro, boa parte do tempo com a professora. É hora de seu filho ir à escola. Nova rotina, novas pessoas e convivência com outras crianças. A separação do núcleo familiar, obviamente, é sentida pelo pequeno e, claro, também pelos pais. O choro é inevitável. Parece que o pequeno não vai se adaptar ao ambiente escolar. A rapidez deste processo varia de criança para criança, explica a psicopedagoga clínica e institucional Dora Amorim Romero. “Cada criança tem o seu tempo. Às vezes podem se sentir ansiosas e inseguras, mas isso não é motivo de preocupação. Paciência, afeto e firmeza de ambas as partes - escola e família - farão com que vençam este desafio”, afirma. Confira entrevista completa: O fato de as crianças estarem indo cada vez mais cedo para a escola tem interferência no processo de adaptação escolar delas?Há uma questão a ser considerada quanto à adaptação da criança na escola: a separação dos pais, principalmente da mãe. Quanto menor for a criança, a imagem da mãe ainda não está totalmente internalizada, ela sente falta, chora na ausência, quer estar junto. O papel da mãe será de fundamental importância neste momento. Quando deixar a criança na escola, na medida do possível, ela deve se mostrar segura porque assim também seu filho sentirá segurança e tranquilidade. Dizer que vai ao banheiro ou vai beber água e já volta, não é uma boa escolha.O que a criança sente durante este processo de adaptação?A separação da família e a adaptação ao novo ambiente podem ser difíceis. A escola representa outro grupo social do qual começará a fazer parte. As dificuldades de adaptação, na maioria dos casos, são superadas pela própria criança. Aos poucos vão se acostumando com os adultos que agora passam a fazer parte da construção de sua história de aprendizagem, com a rotina escolar. Este processo costuma ser longo? A partir de que características podemos dizer que a criança está adaptada à escola?Vai depender de cada criança e de suas experiências vivenciadas junto ao seu grupo familiar. Esta ruptura pode ser dolorosa para a criança e muito mais para os pais. O mais importante é que não se desista na primeira dificuldade: aí é o momento de mostrarmos à criança que assim como sua família, a escola é um espaço de confiança e de parceria. Mas é bom se preparar para possíveis “recaídas”. Às vezes, a criança pode ficar bem nos primeiros dias, afinal são tantas as novidades nesse novo ambiente. Depois de saciada sua curiosidade, ela poderá se angustiar com a separação dos pais. Seu filho irá sinalizar quando estiver adaptado: já solta a mãozinha da mão da mãe e corre ao encontro dos amiguinhos; fica feliz quando está chegando na escola, gosta do carinho e da atenção da professora e quer ficar mais um pouquinho quando é chegada a hora de ir embora. Qual a importância o professor assume nessa nova fase da vida criança?Gosto muito da imagem da mãe de Moisés (personagem bíblico) colocando seu filho em um cesto para salvá-lo da matança dos inocentes. Ela empurra o cesto em direção ao lugar onde se encontrava outra mulher e vigia para que o bebê seja recolhido e que esteja em segurança. Penso que é mais ou menos assim quando uma mãe entrega seu filho na porta da sala para a professora. Ela sinaliza para a criança que ela também será cuidada por aquela mulher. Os sentimentos de segurança, confiança e “amorosidade” são repassados à criança por este simples gesto. A partir da percepção da professora e o seu olhar sobre a singularidade de cada um é que se constrói a relação, considerando que características individuais é que irão determinar a forma como a criança irá desenvolver suas relações com a aprendizagem escolar e com as aprendizagens de vida. Esta relação, se bem-estabelecida, irá dar continuidade ao desenvolvimento iniciado na família e a criança aprenderá a lidar melhor com a construção do cognitivo que, em parte, irá depender da sua subjetividade.