A aprendizagem da criança
Agressividade, falta de atenção, baixo rendimento escolar, cansaço e isolamento são sintomas de que algo não vai bem com seu filho. Tudo isso implica no desenvolvimento da aprendizagem da criança. É importante que os pais observem o comportamento dos filhos e procurem um atendimento adequado. Segundo a psicopedagoga e psicanalista Dra. Carla Patrícia Rodrigues Rosa, os pais tendem a ter bastante dúvidas em relação ao desenvolvimento dos filhos e, muitas vezes, não sabem como auxiliá-los nas diferentes etapas. Nesse momento, se torna indispensável a ajuda do psicopedagogo. “Os profissionais dessa área atuam de forma preventiva ou terapêutica, tendo um papel crucial nas soluções de problemas no processo de ensino-aprendizagem”, explica. Confira mais informações com a psicopedagoga:

 

Qual a importância dos pais no processo de aprendizagem dos seus filhos?

A relação materna é de suma importância, pois a organização do “eu” da criança acontece pela existência de laços estabelecidos com a mãe. Nos primeiros anos de vida, o bebê tem total dependência em relação à mãe e à família para construir um mundo interior que lhe seja favorável e gratificante. A família é o primeiro núcleo de socialização e facilita as interações para a inserção escolar e social do sujeito. É necessário que os provedores tratem a criança com muita atenção, carinho e paciência para que a confiança, segurança e o otimismo se consolidem. Sem esses sentimentos, a criança crescerá insegura e desconfiada. No entanto, há de se ter cuidado com os excessos e com a superproteção, pois caso isso ocorra a criança começa a visualizar seus pais com muita perfeição. Isso jamais pode acontecer, pois ele pode desenvolver a agressividade e desconfiança que, no futuro, se transformam em níveis baixos de competência, entusiasmo e persistência.

 

Como os pais devem agir em cada uma dessas fases?

Os pais devem estar atentos às manifestações da criança, envolverem-se com ela e procurar levá-la a se perceber, estimulá-la a se manifestar, encorajá-la a tentar, elogiar suas primeiras tentativas, brincar com a criança ensinando-a a manter a simbolização por mais tempo, permitindo-lhe a personificação de papéis sociais presentes em sua realidade, estimulando-a a criar situações e reproduzi-las no brincar. O olhar e atenção, a sensibilidade do pai e da mãe frente às manifestações das crianças apontarão como ensinar, por onde começar, como intervir. É importante que os pais observem seus filhos em seu desenvolvimento, que é único, e quando perceberem que algo não vai bem, devem procurar ajuda o mais rápido possível.

 

Discussões e brigas entre casais podem atrapalhar o desenvolvimento da aprendizagem da criança?

Com certeza, principalmente quando não há um ambiente familiar de diálogo e verdade sobre os fatos. Muitas vezes, ao ver ou ouvir os pais brigando, as crianças tendem a se sentirem responsáveis e culpadas pelas desavenças ou se sentem inseguras, com medo de perder os pais. Com isso, apresentam comportamentos disfuncionais, no intuito de chamar a atenção ou segurar a relação conjugal.

 

Quais aspectos revelam dificuldades de aprendizagem nas crianças?

As crianças começam a apresentar bloqueios em algumas ou em várias disciplinas escolares, o que é percebido pelas notas baixas, reclamações e advertências da escola. Esses bloqueios apresentam-se por meio de sintomas que podem se manifestar de diferentes maneiras: baixo rendimento escolar, agressividade, falta de concentração, agitação, cansaço, desmotivação, isolamento, mentiras, negativismo em relação às suas habilidades,  pouca comunicação, autoestima e autoconfiança fragilizadas e vocabulário restrito. Os pais devem ficar atentos, dialogando e acompanhando as atividades diárias dos filhos. Devem também manter uma relação de parceria com a escola, buscando informações constantes sobre o desenvolvimento da aprendizagem dos mesmos.

 

Quais atitudes devem ser tomadas pelos pais ao constatar essas dificuldades?

Quando a criança apresenta esses problemas, o importante não é descobrir a causa ou o culpado, mas sim proporcionar a ela um atendimento diferenciado que poderá ressaltar e atender as necessidades individuais e específicas, com o objetivo principal de gerar na criança a capacidade de aprender e assim conquistar autoconfiança e autonomia em sua jornada educativa, bem como no seu desenvolvimento como ser humano.