Entrar para a escola é uma realidade cada vez mais precoce na vida das crianças. A partir de dois, três anos lá estão os pequenos se despedindo para seu primeiro dia de aula. Portanto, é preciso que os pais estejam totalmente seguros sobre a escolha do lugar onde seus filhos passarão boa parte do dia adquirindo conhecimentos, que levarão por toda a vida. O
Manual da Mamãe conversou com a especialista em Psicopedagogia Institucional e Clínica Ana Maria Munhoz Fett para saber o que é primordial observar para acertar nesta escolha e evitar arrependimentos. Ela, que também é mestre em Psicologia do Desenvolvimento Humano e em Processos de Ensino e Aprendizagem, explica que é fundamental questionar a escola e a si mesmo sobre alguns fatores. Acompanhe a entrevista e saiba mais:
Com que idade as crianças devem ir para a escola? Por quê?
Não devemos pensar com que idade, mas, sim, por qual motivo devemos levar uma criança para a escola, e para qual escola. E isso acontecerá de acordo com a realidade e disponibilidade de cada família. O ideal seria quando a criança já estivesse um pouco mais independente do adulto, como, por exemplo, saber manifestar e comunicar suas necessidades básicas e desejos. Isso poderá ocorrer por volta dos dois anos e meio a três anos, pois é esperado que a criança já tenha adquirido a linguagem oral e se livrado das fraldas, chupetas e mamadeiras. Vale ressaltar que existem estudos que defendem a ideia de que estimulações realizadas de forma precoce, por meio do aprendizado escolar, podem ter como consequências sintomas, como dificuldades de aprendizagem, cansaço escolar, déficit de atenção ou perda de motivação, que podem aparecer a curto ou em longo prazo na vida acadêmica do aluno.
Quais critérios os pais devem levar em consideração na hora de escolher a primeira escola do filho?
É de fundamental importância observar a segurança interna do local, em todos os sentidos e, se esta escola foi construída pensando no bem-estar da criança, como, por exemplo, acesso a escadas, banheiros adaptados, refeitórios, limpeza e higiene; área livre, mais um espaço coberto para a época de chuvas e inverno; salas de aula, brinquedoteca e biblioteca estimulantes, em acordo com o projeto pedagógico escolar e com a idade das crianças e, sistema de segurança externa, principalmente para os horários de chegada e saída das crianças. Mas se preocupar somente com a infraestrutura não é suficiente, é preciso conhecer quem são os profissionais que ali trabalham e qual a sua formação.
O que perguntar na hora de conhecer a escola?
Os pais não precisam possuir conhecimentos específicos sobre teorias educacionais, essa é uma obrigação da escola, que por sua vez precisa deixar transparente qual é a metodologia adotada e em quais princípios está fundamentada. É preciso saber qual é o sistema de avaliação e como eles procedem com os alunos que por ventura não consigam acompanhar as expectativas. Por esta razão é sempre importante perguntar e perguntar! E quanto a escola, neste momento, precisa ser acolhedora e muito clara ao apresentar sua proposta metodológica e até religiosa, se for o caso e deixar a família livre para pensar, pois ela precisa de tempo para digerir as informações.
O que os pais devem “se” perguntar?
“O que pretendemos ao colocar nosso filho nesta escola?” “Quais as expectativas com relação ao ensino?” “Compreendemos, após a explicação por parte da escola, o método e os princípios que regem esta escola?” “Estão em sintonia com o nosso sistema familiar?” “Já conhecemos quem estuda nesta escola?” “Esta escola se preocupa com a infraestrutura, com a formação humana ou o conjunto é respeitado?” “Os profissionais têm a formação adequada?” “Esta escola já mudou de direção muitas vezes?” Tente se informar sempre, pois as respostas a essas e outras tantas perguntas irão influenciar na escolha da escola do seu filho.
Como os pais devem agir durante o processo de adaptação da criança na escola?
Se possível, leve-o junto para conhecer o espaço! É um bom começo! É essencial justificar por que está indo para a escola. É muito normal a criança sentir a sensação de abandono e a mãe se sentir culpada. Por isso, todo esse processo de preparação dos pais deve estar muito bem resolvido para não transmitir inseguranças aos seus filhos. O ideal é que a escola tenha uma programação inicial de acolhimento aos alunos novos, com horários flexíveis, e disponibilizar o acesso dos pais à escola neste momento. E lembre-se sempre, não cobre da escola o papel da família, pois quem educa são os pais e à escola cabe apenas instruir, ensinar e formar.
O que os pais devem fazer se o filho não gostou da escola?
O bom senso deve prevalecer. Pode ser que seu filho não esteja acostumado com regras nem com um ambiente onde ele precise dividir as atenções com outras pessoas e com outras crianças da mesma idade. Mas é de fundamental importância o diálogo constante e também ouvir o que ele tem a contar sobre os momentos vivenciados na escola. A observação frequente é fundamental para entender o que realmente está acontecendo. Acompanhe as lições de casa, mantenha uma comunicação constante com seu filho e com a escola e não deixe para conversar somente nos momentos conflituosos.