Impor limites é uma atitude de amor
“Não quero!”; “Não vou estudar!”; “Não, não e não!” Se estas têm sido frases recorrentes no vocabulário do seu filho, ligue o sinal de alerta. Pode ser falta de limites. A Dra. Patrícia Serejo e a Dra. Penélope Ximenes, psicólogas da Super Infância Psicologia Infantil, explicam que impor limites é uma importante tarefa dos pais, que devem reconhecer a diferença entre autoridade e autoritarismo para realizá-la com segurança. “Estabelecer limites é criar uma fronteira psicológica entre o que é permitido e o que não é, entre o certo e o errado. Isso é saudável para o desenvolvimento das crianças”, afirmam as psicólogas. Confira a entrevista:Como estabelecer limites aos filhos sem agir com autoritarismo?Os pais devem estabelecer limites através da sua reação ao que a criança faz ou deixa de fazer: se um comportamento for adequado, dentro da fronteira do que é permitido, os pais devem reagir com elogios, sorrisos e reconhecimento. Já, se o comportamento se situa fora desta fronteira, a reação dos pais deve ser de desaprovação desse tipo de atitude, retirando da criança algum privilégio ou aplicando algum castigo que já deve ter sido combinado com a própria criança. É importante que a criança participe da construção das regras e as compreenda e que os pais sejam firmes na realização dos combinados. Do ponto de vista das crianças, os limites podem parecer restrições e enfurecê-las. Como os pais devem agir diante das constrangedoras “birras”?Os limites não podem parecer restrições, eles SÃO restrições e frustram as crianças. Elas querem fazer tudo e não têm ainda total conhecimento da realidade. Os pais geralmente querem evitar qualquer dor por parte de seus filhos e acabam cedendo às birras. Entretanto, se o NÃO realmente fizer sentido, os pais devem compreender que frustrar o filho não é ser mau, e, sim, dar-lhe proteção e cuidado. Afinal, a criança precisa aprender como reagir quando se sentir frustrada. E nada melhor do que ter a segurança e o afeto dos pais neste momento difícil. Como ser coerente ao estabelecer limites?Muitas vezes, a tarefa de estabelecer limites é difícil e desgastante. No início o esforço pode parecer sobrehumano, mas as crianças gostam, sentem-se seguras e passam a colaborar depois de um período inicial de adaptação às regras. Para ser coerente, elas devem ser proporcionais à idade da criança, à travessura realizada e a outros fatores que contextualizam a situação. Mas não é possível ser coerente sem ser consistente. Os combinados devem ser obedecidos pelos pais e pelas crianças e também devem ser mudados à medida que a criança cresce e se desenvolve.Algumas perguntas são frequentes em lares de famílias que possuem mais de um filho, uma delas é “Por que o fulano pode e eu não posso?” Diante de uma situação semelhante, como os pais devem agir para serem democraticamente corretos?A família é um reflexo da sociedade, que trata de forma diferente pessoas que são diferentes: crianças e adultos; jovens e idosos; mulheres e homens. Quando essas diferenças ocorrem devido a limitações inerentes a cada condição, apenas temos de compreendê-las e aceitá-las. Um exemplo é o horário de dormir ou passeios sem a companhia dos pais. Muitas vezes, entretanto, observamos que o filho mais novo leva vantagens, em detrimento do mais velho, que sempre deve ceder seu espaço. Alguns pais exageram nos cuidados e acabam se tornando “superprotetores”. Em quais aspectos o cuidado em excesso pode prejudicar na formação da criança?Cuidar em excesso significa, muitas vezes, não permitir que o filho vivencie experiências frustrantes; significa fazer todas as vontades do filho, sem demora; significa ainda não deixar que ele entre em contato com as consequências de seu próprio comportamento. Fazer renúncias e escolhas, saber esperar e pensar no próximo são comportamentos que indicam maturidade emocional. Quanto mais tarde a criança aprender isso, mais irá sofrer. Quanto antes desenvolver tolerância à frustração, mais adaptada estará para enfrentar os desafios da vida. Tentar poupar os filhos dessas experiências é prejudicá-los no enfrentamento da vida. Para restabelecer os limites na educação dos filhos, qual o melhor caminho?Os pais devem primar basicamente por três princípios: Coerência, consistência e consequência. Uma família saudável não é aquela em que vale tudo, mas, sim, a que sabe escutar o filho e pauta as decisões no que acredita ser melhor para todos.