Como falar sobre divórcio com os filhos?
Criar de maneira adequada e saudável as crianças exige mais do que orientações sobre as questões de saúde, normalmente sanadas pelo médico pediatra de confiança. É preciso também dicas para lidar com situações do cotidiano familiar. Em mais de 15 anos de formado, o pediatra e neonatologista Dr. Marcelo Reibscheid, ao lado de sua esposa também pediatra Dra. Camila Lima Reibscheid, perceberam durante as consultas que os problemas familiares, falta de informação ou inexperiência dos pais de primeira viagem prejudicavam notavelmente o desenvolvimento e saúde das crianças. Sendo assim, eles resolveram falar sobre alguns temas importantes. Confira a seguir um dos mais buscados:

DIVÓRCIO E OS FILHOS

Quanto menor a criança, mais dificuldades terá para entender o porquê da separação dos seus pais. Quando uma criança de quatro ou cinco anos fica sabendo da separação dos pais, haverá grande confusão, porque ela ainda não entende. Ela sempre via seus pais juntos e se nega a admitir que esta situação mude. Irá reclamar da ausência do outro todos os dias, e insistirá para que voltem a morar juntos. Mas tudo isso dependerá muitíssimo da forma em que se desenvolva o processo de separação.

Divórcio na gravidez: se a separação ocorre durante a gravidez ou durante os primeiros meses de vida, é provável que a criança se veja afetada pelo estado de ânimo da mãe e, portanto, possa nascer com pouco peso ou com atraso no desenvolvimento cognitivo e emotivo.

Divórcio com filhos entre 1 e 3 anos: na época da separação, é provável que a criança torne-se muito tímida, comporte-se como uma criança menor que sua idade afetiva, requeira muito mais atenção e tenha pesadelos noturnos.

Divórcio com filhos entre 2 e 6 anos: a criança não entende ainda o que é uma separação, mas ao notar que um dos membros do casal não dorme em casa, é provável que pense que é por sua culpa, e reaja de formas opostas: ou fique muito obediente (pensando se for bom, o papai voltará), ou também muito mais agressivo ou rebelde. Nesta idade, alguns dos pequenos negam a separação tanto a si mesmos quanto aos demais (mentem aos parentes ou amigos, dizendo que seus pais ainda dormem juntos à noite, e continuam brincando de bonecas durante meses, simulando sua própria família e fazendo que seus pais durmam um ao lado do outro).

Divórcio com filhos entre 6 e 9 anos: aparecem sentimentos de rejeição, fantasias de reconciliação e os problemas de atitude. É possível que as crianças experimentem raiva, tristeza e nostalgia pelo pai que se foi. Nos casos em que os cônjuges tenham tido conflitos graves, alguns filhos podem viver uma luta entre seus afetos pelos pais e pela mãe. Outras vezes, descuidam-se no aspecto material, obrigando-os a prepararem a comida, a vigiar os irmãos menores e assumam responsabilidades muito pesadas para sua idade.

Divórcio com filhos entre 9 e 12 anos: os filhos podem manifestar sentimentos de vergonha pelo comportamento dos seus pais, e cólera ou raiva pelo que tomou a decisão de se separar. Além disso, aparecem as tentativas de reconciliar os pais, o descontrole dos hábitos adquiridos e problemas somáticos (dores de cabeça, estômago, etc.). A separação não deve causar todas essas reações, mas, sim, algumas delas. É importante destacar que a diversidade de experiências que vivem as crianças depois da separação dos pais é, de qualquer modo, um sinal positivo, porque prova que o divórcio não é a única coisa que as prejudica, e que, muitas delas, superam a crise familiar, saindo delas mais fortes e mais maduros que seus conterrâneos que pertencem a famílias unidas.