Estrabismo pode passar despercebido, como diagnosticar?

Um em cada quatro casos de estrabismo não é tratado dentro do período considerado crítico para o desenvolvimento visual. É o que aponta uma revisão de estudos, publicada no Journal Français d’Opthalmologie. Isso porque, segundo a oftalmopediatra Dra. Marcela Barreira, especialista em estrabismo, é comum os pais não reconhecerem que existe um desvio do olho da criança. “Isso ocorre, principalmente, quando o estrabismo é o divergente intermitente. Nesse tipo, o olho se desvia para fora, porém de vez em quando”.

“Naturalmente, nos casos congênitos ou muito exacerbados, quando o estrabismo é convergente, em direção ao nariz, as alterações são mais evidentes para os pais. Mas, nem sempre um especialista é procurado de forma precoce”, comenta Dra. Marcela.

É importante destacar que o estrabismo não é uma questão estética. Na verdade, a condição pode afetar o sistema visual de forma irreversível.

“Isso ocorre quando a criança desenvolve a ambliopia, mais conhecida como olho preguiçoso. Quase metade dos casos de ambliopia está ligada ao estrabismo não tratado, que afeta a visão binocular, aquela que permite visualizar as imagens em 3D”, explica Dra. Marcela.

A retina capta duas imagens (uma de cada olho) e as envia para o cérebro, que as une em uma única imagem. Entretanto, na criança com estrabismo, o cérebro recebe dois estímulos visuais diferentes e escolhe a melhor imagem.

“Essa supressão por tempo prolongado, durante o período considerado crítico para o desenvolvimento visual, que é por volta dos 2 anos de idade, e que se completa por volta dos 7, pode levar à supressão irreversível, ou seja, o cérebro irá continuamente favorecer o olho com a melhor visão, reduzindo a capacidade visual do olho afetado”, explica Dra. Marcela.

Avaliação oftalmológica deve ser precoce

A solução para garantir um bom desenvolvimento visual é levar a criança para uma primeira consulta com um oftalmopediatra no primeiro ano de vida. Caso não seja detectada nenhuma condição ocular, a avaliação deve se repetir na idade pré-escolar, por volta dos quatro anos, bem como no início da alfabetização.

Em relação ao estrabismo, até os três meses de idade os bebês podem apresentar algum grau de imaturidade visual. Isso pode levar a um desalinhamento dos olhos.

"Todavia, desvios bem estabelecidos e fixos desde o nascimento não mudam e indicam o estrabismo. Portanto, o ideal é levar o bebê em um oftalmopediatra para uma avaliação mais apurada”, ressalta Dra. Marcela.

De acordo com a especialista, o tratamento do estrabismo, na maioria dos casos, é cirúrgico. "A única exceção é o estrabismo acomodativo, causado pela hipermetropia. Esse desvio é corrigido por meio do uso de óculos. Outro ponto é que o uso do tampão não trata o estrabismo, mas sim a ambliopia. A oclusão serve para favorecer a visão do olho afetado pelo desvio”.

“Portanto, o desvio ocular depende da cirurgia de correção do estrabismo, que irá restabelecer o equilíbrio dos músculos que controlam os movimentos oculares, ou seja, irá alinhá-los para que trabalhem juntos. A cirurgia, preferencialmente, deve ser realizada antes dos 7 anos de idade”, finaliza Dra. Marcela.

 

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