Enfrentar a indicação de uma cirurgia pediátrica não é um momento fácil. A família se preocupa com a doença, com a anestesia, com a recuperação, com o entendimento da criança diante de uma situação difícil. A frase que as mamães mais dizem nos corredores do centro cirúrgico é: “preferia que ocorresse comigo!”. E se fosse possível diminuir o tamanho da incisão, a quantidade de pontos, a dor no pós operatório e o tempo de permanência no hospital? Pois bem, para alguns casos é possível, sim! De acordo com o especialista em cirurgia pediátrica Dr. Fernando Bersani Amado, com a videocirurgia todos esses aspectos podem ser melhorados, tornando o trauma cirúrgico muito menor para o paciente e sua família. Saiba mais detalhes sobre o procedimento:
Como funciona?
Com instrumental cada vez mais adequado à realidade do cirurgião pediátrico, mais delicado e com tamanho apropriado à fragilidade dos pacientes, a agora chamada Cirurgia Pediátrica Minimamente Invasiva foi alavancada nas duas últimas décadas. A técnica consiste na inserção de uma câmera, que funciona como os olhos do cirurgião. A imagem é projetada em um monitor de alta definição, inclusive ampliada, conferindo maior segurança ao procedimento. Também é necessária a infusão de gás carbônico, o mesmo da respiração, para ampliar o espaço para a cirurgia. Outras pequenas incisões são usadas para inserção de pinças, que servem para efetuar a cirurgia. A anestesia indicada é a geral, como em praticamente todas as cirurgias de crianças. O vídeo é gravado e pode ser disponibilizado para a família e para outros médicos que acompanham a criança, que saberão exatamente o que foi feito no momento da operação.
Qual o tamanho das incisões?
Depende de alguns fatores, como a cirurgia executada, o instrumental disponível e a necessidade de retirada ou não de material para exame. Normalmente as incisões em adultos são de 10 e 5mm e em crianças de 5 e 3mm! A maioria dos casos não necessita nem de pontos na pele!
Quais os procedimentos mais comuns?
O cirurgião pediatra trata um enorme número de doenças com frequência muito baixa. Passando isso para a área da videocirurgia, entendemos porque houve algum atraso no desenvolvimento dessa especialidade quando comparada com a Cirurgia Geral, de adultos. Hoje, incluímos no rol de procedimentos mais comuns uma ampla gama de doenças, principalmente apendicectomia, hérnia inguinal bilateral, refluxo gastroesofágico, doenças ovarianas, varicocele, retirada da vesícula biliar, retirada do baço, tratamento da sudorese excessiva nas mãos, diagnóstico de testículos não encontrados na bolsa testicular, megaesôfago, anomalias anorretais, megacolo congênito, retirada de rim ou glândulas adrenais, biópsias de fígado, pulmões e tumores abdominais, dentre tantas outras.
O procedimento também é indicado para recém-nascidos?
A videocirurgia nos recém-nascidos é cada vez mais indicada, acompanhando as possibilidades que vêm com o maior treinamento dos cirurgiões nas técnicas avançadas de sutura e dissecção com material mais delicado possível. Porém, a grande mudança na sua indicação e aplicabilidade aconteceu com a evolução das técnicas anestésicas que permitiram não só o melhor entendimento da fisiologia do recém-nascido submetido à infusão de CO2, como também, nos dias de hoje, maior tranquilidade ao cirurgião nas operações que demandam mais tempo. Em lactentes nos primeiros meses e nos recém-nascidos há indicação crescente da videocirurgia no tratamento da atresia de esôfago ou de duodeno, tratamento da hérnia diafragmática congênita, estenose hipertrófica do piloro e em má-formações císticas dos pulmões.
Qual é o profissional que executa esse tipo de cirurgia?
A videocirurgia pediátrica não é uma subespecialidade. Essa modalidade de cirurgia é executada por médicos que cursaram residência em Cirurgia Pediátrica e permanecem em educação continuada na cirurgia minimamente invasiva. Condição indispensável à realização dos procedimentos laparoscópicos ou toracoscópicos em crianças é a capacidade da equipe, com grande destaque para os anestesiologistas, e da estrutura hospitalar para tal. Em Curitiba vários serviços de cirurgia pediátrica permitem a abordagem minimamente invasiva para o tratamento das crianças. Converse com o seu Cirurgião Pediatra que indicará a melhor alternativa nos casos em que há essa indicação.