Retinopatia da prematuridade
Ainda desconhecida pela maioria dos pais, mas uma das mais importantes causas de deficiência visual ou cegueira em crianças nascidas prematuramente, a retinopatia da prematuridade é o crescimento caótico dos vasos sanguíneos que suprem a retina, localizada no fundo do olho. De acordo com o oftalmologista do Centro Brasileiro da Visão (CBV) Dr. Rodolfo Alves Paulo de Souza, esse desenvolvimento desorganizado dos vasos pode levar a sangramento dentro do olho ou a um descolamento de retina, ocasionando, então, a cegueira do bebê

“Isso acontece nos prematuros pela imaturidade desses vasos sanguíneos. Eles terminam de se formar até o final da gestação e nos prematuros não estão totalmente formados.” A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que existam mais de 50 mil crianças cegas por retinopatia da prematuridade no mundo. Portanto, um exame preventivo, a fim de detectar a doença, deve ser realizado entre quatro e seis semanas de vida em prematuros com idade gestacional menor ou igual a 32 semanas e/ou com peso de nascimento menor ou igual a 1500 gramas.

O exame deve ser realizado por oftalmologista habilitado em retinopatia da prematuridade para identificar a localização e as alterações retinianas sequenciais, o que reduz o tempo de realização e o desconforto do paciente. O Dr. Rodolfo informa que o agendamento dos exames subsequentes deverá ser determinado pelos achados do primeiro exame: a cada duas semanas, se não tiver risco de cirurgia; com risco de cirurgia, de três a sete dias, dependendo do estágio. Se a retina estiver vascularizada, o bebê recebe alta e deverá fazer acompanhamento a cada seis meses com oftalmologista para evitar problemas, como estrabismo e outros relacionados.

“Caso o bebê apresente necessidade cirúrgica, a operação deverá ocorrer em até 72 horas, para melhor resultado. O tratamento é feito com laser ou crioterapia na retina doente, com o objetivo evitar o sangramento e descolamento da retina”, orienta o oftalmologista.

Fatores de risco

O Dr. Rodolfo explica que é preciso ficar atento a alguns fatores de risco relacionados à retinopatia da prematuridade. Ele destaca a síndrome de desconforto respiratório, infecções neonatais, gravidez de gêmeos, transfusões sanguíneas, hemorragia intraventricular, hiperglicemia e a oxigenoterapia feita nas UTIs. “Na presença desses fatores de risco, o exame deve ser solicitado em bebês nascidos antes de 36 semanas e com peso abaixo de 1600 gramas”, orienta.