O número é significativo: 30% das crianças brasileiras apresentam a Síndrome da Respiração Bucal. Em uma função respiratória normal, o ar entra pelo nariz e chega aquecido e filtrado aos pulmões, porém, com a respiração bucal, ele chega por vias erradas e não funcionais, provocando alterações na face e na posição dos dentes, infecções de ouvidos e das vias áreas, distúrbios de sono, como o ronco, dificuldades para deglutir alimentos, entre outros problemas que afetam o bem-estar geral da criança e podem comprometer, inclusive, o rendimento escolar.
Isso pode ocorrer em casos de hipertrofia de amígdalas e adenoides, desvio de septo, alergias, bronquite, rinite, sinusite, entre outras síndromes respiratórias. “E a pessoa não precisa estar com a boca escancarada, bastam os lábios e dentes ficarem entreabertos para caracterizar o quadro de respiração bucal”, explica a odontopediatra e ortodontista Dra. Liliana Temporão.
Muitas vezes, diante da falta de harmonia no sorriso é que eles se dão conta da necessidade de procurar tratamento, por isso, o dentista é geralmente a primeira busca. “Percebemos desvios da normalidade no desenvolvimento das arcadas, como mordida cruzada posterior, mordida aberta anterior, palato profundo, dentes tortos, queixo para trás, gengivite crônica e alto índice de cárie”, relata. A partir de uma criteriosa avaliação, o ortodontista, em conjunto com o otorrinolaringologista e o fonoaudiólogo, vai iniciar o plano de tratamento do respirador bucal.
Ao otorrino caberá o diagnóstico e a terapêutica para o impedimento de entrada de ar pelas vias aéreas superiores. No que diz respeito à odontologia, a ortodontia e ortopedia facial dispõem de métodos eficientes para corrigir as anomalias dentofaciais. O fonoaudiólogo faz a avaliação da postura dos lábios, língua e músculos relacionados à motricidade oral, pois após o tratamento o paciente deverá ser treinado a voltar a respirar de forma correta.
Sintomas do respirador bucal
- Problemas respiratórios (rinite, bronquite, etc.);
- Lábios entreabertos e ressecados, com gengivas inflamadas;
- Ronco, sono agitado e pesadelos;
- Baba durante o sono;
- Olheiras e aspecto cansado;
- Irritabilidade por noites maldormidas, podendo ficar hiperativo ou sonolento;
- Respiração barulhenta;
- Mastigação ineficiente ao comer rápido e utilizar líquido para auxiliar na hora de engolir
- Preferência por alimentos pastosos;
- Alterações ortopédicas e ortodônticas.