Infecções na infância: quando se preocupar?
A criança costuma ter mais infecções do que o adulto. Isto acontece porque, ao nascer, seu sistema imunológico, que defende o corpo contra infecções, ainda não está totalmente desenvolvido. Algumas doenças fazem com que a criança tenha infecções com frequência ou gravidade maiores do que o habitual para cada idade. É o caso das Imunodeficiências Primárias (IDP), que acontecem por alterações congênitas no DNA do sistema imunológico.Segundo a alergista e imunologista Dra. Carolina Prando, existem mais de 300 tipos de IDP. Algumas são leves, outras podem ser bastante graves. Na IDP da “doença do menino da bolha” (imunodeficiência combinada grave) o bebê já pode apresentar infecções desde as primeiras semanas de vida. Em outros casos, como na falha de produção de anticorpos (agamaglobulinemia), as infecções aparecem a partir dos 9 meses de vida.A especialista informa que a Fundação Jeffrey Modell elaborou uma lista com 10 sinais de alerta, que foram adaptados para a realidade brasileira, e sugere que devemos pensar em IDP quando a criança apresenta dois ou mais destes sinais:• Duas ou mais pneumonias no último ano;• Quatro ou mais infecções de ouvido no último ano;• Estomatites de repetição ou sapinho na boca por mais de 2 meses;• Infecções na pele ou órgãos internos (baço, fígado, rim);• Um episódio de infecção grave (meningite, infecção nos ossos, infecção generalizada);• Infecções intestinais de repetição;• Asma grave ou doenças autoimunes;• Reação à vacina BCG ou outra infecção por microbactéria;• Infecções de difícil tratamento, que precisam internar com frequência para receber medicação no hospital;• História de outras pessoas com IDP ou infecções de repetição na família.“Alguns exames de laboratório simples, como o hemograma e a dosagem de anticorpos, já podem ajudar a fazer o diagnóstico das IDPs mais comuns. Em outros casos são necessários exames mais elaborados, incluindo o sequenciamento de DNA. Quanto mais cedo se fizer o diagnóstico, maiores são as chances de melhorar a qualidade de vida da criança, e de seus familiares, pois o tratamento adequado diminui o risco de infecções e pode salvar vidas”, orienta a Dra. Carolina.