Fique atenta ao coração do bebê
“de menor gravidade”, sendo facilmente corrigidas pela cirurgia ou cateterismo intervencionista. A outra metade é representada pelas cardiopatias “maiores”, que necessitam de cirurgia precoce, podendo ocorrer nos primeiros dias de vida. O cardiologista pediátrico Dr. Francisco Sávio de Oliveira Junior explica ao Manual da Mamãe que se houver uma triagem efetiva, o diagnóstico de cardiopatia congênita é feito ainda intra-útero, através da ecocardiografia fetal, em que é realizada uma análise morfológica e funcional do coração do feto, além do ritmo cardíaco. “Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor a abordagem, ou seja, pode-se estabelecer com antecedência a conduta a ser tomada antes e/ou após o nascimento da criança”, afirma. Agora, fique atenta ao coração do seu bebê e confira a entrevista completa com o especialista:

 

Quando desconfiar de problemas cardíacos nos bebês?

As malformações cardíacas devem ser sempre pesquisadas em pacientes com história familiar de cardiopatia congênita, que apresentam malformações extracardíacas e distúrbio de ritmo do coração (arritmia), em filhos de mães diabéticas ou portadoras de lúpus, gestantes acometidas por infecções virais, como a rubéola, citomegalovírus, ou expostas a determinados medicamentos, como anticonvulsivantes e álcool.

 

Que sinais indicam que o bebê pode ter uma doença cardíaca?

Dentre os sinais mais importantes estão o sopro cardíaco (som auscultado pelo médico durante sua avaliação), a cianose (bebê é ou fica roxo), dispnéia durante as mamadas (apresenta cansaço, respira rápido quando mama e precisa interromper a mamada várias vezes), taquicardia (aceleração do coração), bradicardia (coração bate devagar), dificuldade de ganho de peso (bebê não engorda), palidez cutâneo-mucosa (criança pálida, mas sem anemia) e síncope (desmaio, perda dos sentidos).

 

Quais são as doenças mais comuns entre bebês e crianças?

A cardiopatia congênita mais comum, não considerando a valva aórtica bicúspide, é a comunicação interventricular (CIV), onde existe uma comunicação entre o ventrículo direito e esquerdo, seguidas pela comunicação interatrial (CIA). Mas o principal motivo de procura no consultório é o sopro inocente, geralmente auscultado em consulta de rotina no pediatra. Neste caso, não se tem evidência de qualquer alteração anatômica-funcional do coração. Não podemos esquecer das arritmias, que sempre devem ser avaliadas com rigor.

 

Elas têm cura ou perduram pela infância e vida adulta?

Depende da complexidade, que vai desde a resolução espontânea, cura após cateterismo intervencionista ou cirurgia, até a necessidade de várias abordagens cirúrgicas em momentos distintos.

 

Nesses casos, como é a atuação do cardiologista pediátrico?

Consiste na assistência intra-hospitalar ou no consultório a pacientes com cardiopatia congênita, ou seja, problemas cardíacos que se iniciaram na vida fetal e se estenderam até a idade adulta, assim como as doenças do coração adquiridas na infância e adolescência. A atuação do cardiologista pediátrico vai desde o diagnóstico da doença cardíaca até a identificação de fatores de risco, como a aterosclerose, dislipidemia e hipertensão arterial que culminam com infarto agudo do miocárdio na idade adulta.

 

Qual a importância de um diagnóstico precoce?

Hoje sabemos o quanto é importante o diagnóstico precoce da doença cardíaca, já que dispomos de modernos recursos que possibilitam uma programação e intervenção clínico-cirúrgica efetiva, principalmente nos centros de referência. Após o tratamento bem-sucedido, observa-se nítida melhora dos sinais descritos acima e uma evolução positiva da criança (a depender da gravidade da doença, o paciente tem a vida normal, como a de qualquer criança sem doença prévia).

 

Como as mães costumam reagir à notícia de que o bebê tem uma doença cardíaca?

Na maioria das vezes, o primeiro contato com esse mundo é cercado de grande medo e frustração, já que o sonho de ter uma criança saudável deixa de existir. Mas quando elas começam a entender e a vivenciar este mundo, passam a ser nossas maiores aliadas no seguimento desses pacientes.