Um dos momentos mais emocionantes após a descoberta da gravidez é ouvir pela primeira vez o coraçãozinho do bebê. Sua barriga quase não aumentou de volume, mas você sabe que ele está lá, forte, crescendo. O coração é um dos primeiros órgãos que se desenvolvem no feto, começando os batimentos a partir da 6ª semana, mas que poderão ser audíveis a partir da 12ª semana na ecografia transvaginal. A frequência cardíaca no feto é em torno de 140 bpm, duas vezes mais rápida que a frequência cardíaca materna.
De função vital, o órgão merece atenção redobrada durante toda a gestação. É por meio da ecografia ou ecografia morfológica que a má-formação do coração pode ser diagnosticada, podendo ser confirmada através do ecocardiograma fetal. “O diagnóstico de cardiopatia congênita, quando grave, é fundamental para o acompanhamento cardiológico adequado do feto e na programação do parto em hospital com UTI neonatal, para o tratamento do bebê”, avalia a cardiologista pediátrica Dra. Eliana Costa Pellissari.
Segundo ela, a presença de cardiopatia pode ocorrer em todo bebê, mas tem frequência maior em gestantes com diabetes ou história de infecção durante a gestação, cardiopatia congênita em familiar próximo e abortos anteriores. A incidência é maior também em bebês com síndromes genéticas, como a Síndrome de Down, Turner, Edward´s, Noonann, Alagille, entre outras.
A especialista afirma ainda que alterações cardíacas constituem o defeito congênito mais comum e uma das principais causas de óbito nos primeiros 30 dias de vida do bebê. Informe-se sobre exames e procedimentos que devem ser tomados na gestação, pois a mortalidade decorrente das cardiopatias é drasticamente reduzida quando todos os cuidados pré e pós-natais são instituídos. Portanto, fique atenta ao que você precisa saber para garantir a saúde do coração do seu bebê:
Teste do Coraçãozinho
O Teste do Coraçãozinho é simples, indolor e capaz de detectar doenças cardíacas graves no recém-nascido. Também chamado de oximetria de pulso já se tornou lei no Paraná desde 2012. É realizado antes da alta da maternidade, após 24 a 48 horas de nascimento do bebê, com a verificação da concentração de oxigênio na mão direita e em um dos pés do bebê. O teste é considerado alterado quando a saturação de um ou ambos membros forem abaixo de 95% ou se houver uma diferença maior que 3% nas medidas da mão e pé.
“É extremamente importante a sua realização para o encaminhamento do recém-nascido para o ecocardiograma, com diagnóstico e cirurgia precoces, antes de uma piora clínica, com risco de vida ao bebê”, alerta a Dra. Eliana. A cardiologista pediátrica ressalta também que o teste alterado detecta cerca de 80% das cardiopatias graves, que correspondem a 20% de todas cardiopatias.
Porém, o Teste do Coraçãozinho normal não descarta as cardiopatias congênitas que não são críticas. “Todo bebê com sintomas sugestivos de cardiopatia, como cansaço às mamadas, suor excessivo, respiração rápida ou com esforço e baixo ganho de peso, devem ser investigados, mesmo com o Teste do Coraçãozinho normal”, aconselha.
Coração do Prematuro
Como o feto não tem as funções normais do pulmão, o fluxo de sangue que iria para os pulmões tem um escape através de uma artéria chamada canal arterial. Após o nascimento do recém-nascido a termo (40 semanas) ocorrem alterações na circulação do bebê, com o fechamento deste canal. No prematuro, ocorrem várias condições, que, frequentemente, acabam dificultando seu fechamento e quanto mais prematuro maior a chance de ocorrer a sua persistência. Com o canal funcionando, o sangue que deveria ir para o corpo é desviado para os pulmões, com falta de sangue em outros órgãos, como o intestino.
Se diagnosticada a persistência do Canal, ou PCA, a primeira opção é administrar medicamento específico para seu fechamento. Se não ocorrer seu fechamento após alguns dias, a cirurgia é realizada. “Esta cirurgia tem baixo risco por não ser uma cirurgia cardíaca, apenas em vaso próximo do coração”, informa a Dra. Eliana.