Existe algo mais lindo que pele de bebê? Macia, cheirosa e delicada, é quase impossível resistir àquela vontade imensa de acariciar o rostinho do pequeno. Famosa pela sua beleza e suavidade, a pele do bebê não é igual a de um adulto. Ela é mais fina e muito sensível. Por isso, é preciso ter cuidados especiais para mantê-la saudável e livre de dermatites e alergias. Para ajudar as mamães nessa tarefa, o
Manual da Mamãe conversou com a pediatra e dermatologista Dra. Kerstin Taniguchi Abagge. Confira informações importantes sobre como cuidar da pele do bebê com a profissional:
Quais são os principais cuidados que a mãe deve ter com a pele do bebê, assim que ele nasce?
Logo após o nascimento, a pele do bebê ainda não é igual a de um adulto. É mais fina e tem menor regulação de temperatura e de defesas. O primeiro banho pode ser realizado assim que houver estabilidade da respiração e da temperatura, não antes de 6 horas de vida, mantendo-se o “vérnix caseoso”, que é a capa protetora esbranquiçada e gordurosa com a qual o bebê nasce e que controla a sua temperatura e impede a proliferação de bactérias. O umbigo deve ser mantido seco e limpo, pois pode ser uma porta de entrada para bactérias. Algumas maternidades recomendam o uso de álcool 70º ou clorexidina, mas a limpeza da região periumbilical com água e sabonete comum é suficiente, com a colocação de uma gaze seca e realização da troca frequente das fraldas depois da evacuação ou micção.
Como deve ser o banho da criança?
O banho deve ser realizado em ambiente aquecido, com tranquilidade e segurança. O mais indicado é o banho de imersão, porém com pouca água, para não haver risco de afogamento. A temperatura ideal é entre 35 e 37ºC e deve-se usar sabonetes suaves, específicos para a pele do bebê e que não alterem o pH da pele, visto que é o pH um dos principais responsáveis pela proteção contra microrganismos. Os sabonetes líquidos costumam ter pH mais próximo ao fisiológico e a maioria dos sabonetes infantis não indica o pH na embalagem. Não devem ser usadas esponjas ou toalhas para a limpeza e moderar na quantidade do sabonete, pois ele pode ressecar a pele. Os hidratantes podem ser utilizados, desde que específicos para a pele dos bebês, logo após o banho, associados ou não à massagem, principalmente nos casos de pele seca, crianças atópicas (alérgicas) e nos meses de inverno.
Em relação ao sol, quais são as recomendações?
Antes dos 6 meses, proteção mecânica, com sombrinhas, guarda-sol, roupas e bonés. Após os 6 meses, protetores físicos (menos alergênicos, porém menos cosméticos e mais espessos) são os mais indicados e após 1 ano, os infantis. FPS acima de 30, aplicação pelo menos 30 minutos antes da exposição solar, reaplicação a cada 2 horas ou após suar excessivamente ou entrar na água e não esquecer áreas como as orelhas, o dorso dos pés e a região atrás dos joelhos.
As assaduras incomodam muito o bebê e podem se tornar foco de infecções. Como evitar e/ou tratar?
Para evitar as assaduras, é importante realizar trocas frequentes de fraldas, usar um bom creme protetor, que forme uma barreira entre a pele e as substâncias irritantes contidas nas fezes e urina, além de diminuir o atrito com as fraldas. Limpar suavemente (sem esfregar) com lenços umedecidos específicos para o recém-nascido ou com água morna e algodão e deixar secar bem antes de aplicar o creme de assadura. Para tratar, é importante a avaliação do pediatra.
Como evitar e lidar com as brotoejas (vermelhidão na pele do bebê)?
A brotoeja ou miliária é a obstrução da saída das glândulas de suor com retenção do mesmo na pele, levando à formação de “bolinhas” de água (vesículas) ou avermelhadas nos locais que mais suam, como a cabeça, o pescoço e a parte superior do tronco. Para evitar, não agasalhar muito a criança, não aplicar produtos muito espessos ou oleosos, que obstruam mais os poros, e deixar a criança em ambiente ventilado e com roupas leves. Se a brotoeja já ocorreu, banhos com chá de camomila, que tem leve efeito calmante e adstringente, ajudam, bem como a aplicação de loções de calamina ou pasta-d’água, que secam e aliviam a coceira. Nos casos mais extensos, o pediatra deve ser sempre consultado.
O bebê pode ter alergia a produtos químicos presentes em sabão e amaciante, que ficam nas roupas após as lavagens?
Sim. Produtos químicos presentes em sabões e amaciantes podem sensibilizar a pele do bebê. Se há familiares alérgicos (dermatite atópica, rinite ou asma), o cuidado é sempre maior, procurando produtos com pouco perfume, sem corantes e os mais “neutros” possíveis. É recomendado que as mães lavem as roupas novas antes do primeiro uso e que sejam retiradas as etiquetas sintéticas. Cuidados com botões e enfeites metálicos também são importantes, pois é muito frequente a sensibilização ao níquel já na infância. Para evitar casos de alergia, procurar utilizar produtos próprios para crianças (que sofrem uma fiscalização um pouco mais rigorosa da Anvisa), com pouco perfume, preferencialmente sem corantes e postergar o uso de cosméticos, uma vez que a exposição precoce aos alérgenos pode sensibilizar precocemente a pele dos pequenos.
Quais produtos cosméticos são contraindicados?
Perfumes, lenços umedecidos contendo álcool, medicamentos sem prescrição médica (como, por exemplo, aqueles ditos “naturais”) ou pomadas de assadura contendo antifúngicos, pois muitos deles podem causar sensibilização e dermatites.