Filhos sem cáries
Pesadelo das mamães quando levam seus filhos ao dentista, a cárie é simples de prevenir. A doença é provocada pelo conjunto de higiene bucal deficiente, crianças suscetíveis e práticas alimentares inadequadas. Dessa última, a odontopediatra Dra. Lúcia Baumotte e a ortodontista Dra. Renata Kazumi Távora apontam como fatores de risco mais significativos a introdução precoce de alimentos adocicados, a alta frequência alimentar, aleitamento materno prolongado e em alta frequência, e uso inadequado de mamadeira.

As dentistas explicam que a introdução de alimentos adocicados à dieta do bebê estabelece condições para a instalação de bactérias causadoras da cárie, o que influencia na futura experiência desta doença, pois os padrões dietéticos adquiridos na infância formam a base para as práticas alimentares da criança, o que pode influenciar na preferência por doces. “O que os pais devem ter em mente é que eles são os responsáveis pelo estabelecimento do padrão alimentar e devem esforçar-se por introduzir a sacarose apenas após o primeiro ano de vida”, orientam.

A respeito da frequência alimentar, a Dra. Lúcia e Dra. Renata afirmam que o consumo de carboidratos entre as refeições impede a ação protetora da saliva no processo da cárie. Vale lembrar que neste caso que “carboidratos” referem-se não apenas a biscoitos e doces, mas também sucos, refrigerantes, chás adocicados e leite (com ou sem a adição de outros carboidratos). Elas ainda alertam para o fato de que é preciso considerar outros alimentos adocicados que – por serem naturais – são erroneamente considerados inofensivos, como mel e frutas. “Também devemos lembrar que xaropes e outros medicamentos infantis contêm alta concentração de açúcar. A recomendação, portanto, é estabelecer horário para as refeições, de forma a manter intervalos entre elas”, acrescentam.

Quanto à amamentação natural, são inegáveis todos os benefícios proporcionados pelo aleitamento materno. No entanto, as mães precisam ser orientadas a respeito dos cuidados com a alta frequência e a amamentação durante à noite, após a erupção dos dentes de leite. “Isso porque o leite materno estagnado na boca e a diminuição da salivação durante o sono potencializam a desmineralização do esmalte dentário.” Já os problemas relacionados à mamadeira devem ser associados ao seu conteúdo e ao momento em que é oferecida: leite, chá, suco e refrigerante, em alta frequência e livre demanda. A fim de minimizar os danos, a mamadeira não deve ser utilizada mais que duas ou três vezes ao dia, e o seu uso deve ser interrompido aos 2 anos de idade.

“Dessa forma, fica claro que a prevenção da cárie dentária exige muito mais que a intervenção odontológica profissional. Deve, acima de tudo, exigir um papel ativo da família no estabelecimento dos hábitos alimentares e dos inegáveis e indiscutíveis hábitos de higiene - uso de fio dental e escovação, sempre com pasta de dente fluoretada”, aconselham as especialistas.