Nada mais do que uma reação exagerada do organismo quando encontra alguma substância ameaçadora, a alergia aparece em 20% a 40% das crianças em todo o mundo, especialmente naquelas com predisposição genética. Urticárias, irritação na pele, diarreia, vômitos, baixo ganho de peso, cansaço, chiado no peito... Tudo isso pode ser sinal de que seu filho está com alguma alergia. As mais comuns nesse período são as alimentares, as de pele e algumas respiratórias, como a asma e a rinite. A especialista em Alergia, Imunologia e Pediatria Dra. Mônica Álvares da Silva, Diretora-Médica do Imunocentro, ressalta o quanto é importante os pais conhecerem o problema para saber como lidar e o que fazer em casos de crise. Selecionamos as principais dúvidas sobre o assunto, que a especialista esclarece a seguir:
Alergia alimentar e intolerância são a mesma coisa?
Não. Apesar de algumas vezes seus sintomas se confundirem, estas são duas doenças distintas. Na alergia alimentar temos uma reação imunológica anômala e exagerada a uma ou mais proteínas do alimento (como exemplo: as caseínas ou β-lactoglobulinas do leite de vaca) ao passo que a intolerância alimentar é uma manifestação decorrente de uma reação não imunológica, como a deficiência de uma enzima necessária para a digestão daquele alimento (como exemplo: deficiência de lactase dificultando a digestão da lactose, que é o açúcar presente no leite de vaca). Portanto, é um grande equívoco dizer que “meu filho tem alergia à lactose”. E para aqueles bebês com alergia ao leite de vaca, não está indicado um leite sem lactose e, sim, um leite com intensa modificação/substituição de suas proteínas, tanto para o bebê como para sua mãe, no caso de aleitamento ao seio materno.
Como devo cuidar da pele do meu bebê que tem dermatite atópica?
A pele de um bebê com dermatite atópica é muito sensível e deve ser protegida de estímulos químicos (cremes, sabões, detergentes inadequados), físicos (roupas sintéticas e muito justas), infecciosos (a bactéria
Staphylococcus aureus), temperaturas elevadas (banhos com água quente), ácaros da poeira doméstica, etc. O alicerce do tratamento da dermatite atópica é a hidratação adequada da pele. Esta se inicia com um banho de imersão, em água fria/morna (37°C) por 10 a15 minutos, com o uso de não mais que uma vez ao dia de sabonete com pH ácido fisiológico, o que comumente é encontrado em sabonetes líquidos com emolientes (ao contrário do que muitos pensam, o ideal não é o sabonete neutro nem mesmo o de glicerina). Lavar suavemente, sem esfregar. Enxaguar bem sem deixar resíduos de sabonete, e usar uma toalha macia e sem cor para enxugar o corpo com toques leves e sem friccionar. Finalmente aplicar um creme hidratante restaurador da barreira cutânea, sem perfumes ou corantes. Este deverá ser aplicado generosamente, imediatamente após o banho.
Meu bebê tem dermatite atópica. Devo retirar o leite de vaca de sua dieta?
O ideal é manter o leite materno o máximo de tempo possível, especialmente até os dois anos de vida. Estudos mostram que somente 35% dos casos de dermatite atópica têm relação com alimentos, sendo os principais o leite de vaca, a clara de ovo, a soja e o trigo. É importante buscar a confirmação diagnóstica da relação dos sintomas com o alimento, para evitar dietas proibitivas desnecessárias. Naqueles casos confirmados, deve-se retirar o alimento da dieta do bebê e, no caso de aleitamento materno, deve-se retirar da dieta da mamãe.
As famosas brotoejas são um sinal de alergia?
Não. As brotoejas estão relacionadas ao calor e não a um processo alérgico. São ocasionadas pela obstrução dos ductos sudoríparos. Em situações de aumento da temperatura corporal com aumento da sudorese, ocorre retenção do suor, dando origem a vesículas e pápulas avermelhadas, que podem coçar. Logo, são mais frequentes nos climas quentes e úmidos e podem estar associadas ao excesso de roupas ou à febre, o que dificulta a transpiração da pele. Para preveni-las, evite o calor, dê banhos frescos em seu bebê e evite cremes oclusivos ou oleosos. Vista-o com roupas frescas, largas, de algodão e arejadas.
Minha família tem muitos asmáticos. O que fazer pra evitar que meu filho também tenha asma?
A herança genética é um importante fator para o aparecimento de alergia e/ou asma no seu filho. Os estudos mostram que, quando o pai ou especialmente a mãe é asmática, o risco de seu filho também o ser é grande. Porém, você pode evitar outros fatores que também contribuem para a sensibilização do seu bebê e o aparecimento futuro da asma:
- Em primeiro lugar seja firme no aleitamento materno até os dois anos de idade;
- Não exponha seu filho à fumaça de cigarro, nem mesmo à distância;
- Evite a exposição de seu bebê a aglomerados, evitando o contato com grande quantidade de infecções virais ou bacterianas;
- Não use umidificadores, pois estimulam a proliferação de ácaros e fungos;
- Controle a poeira da sua casa, especialmente nos ambientes em que o bebê permanece por mais tempo;
- Ao preparar o quarto de seu bebê, evite os reservatórios de ácaros da poeira doméstica, como tapetes, cortinas, almofadas, bichos de pelúcia ou pano, etc. Dê preferência a brinquedos de borracha ou plástico, a produtos laváveis e a mobiliários de fácil limpeza com pano úmido.