Contemplar e ser contemplada. A hora da amamentação proporciona um contato único de interação entre mãe e filho. E mais que um ato de amor, é sinônimo de saúde. Os meios de comunicação e a comunidade médica têm cumprido bem o papel de divulgar os benefícios do leite materno, que previne doenças e fornece nutrientes indispensáveis ao bebê. Por isso, até os seis meses, deve ser a única fonte de alimentação da criança. Por outro lado, apesar de um ato natural, muitas mulheres têm diversas dúvidas.
Para deixar de lado alguns mitos e desfrutar tudo de bom que esse momento proporciona, não abra mão de ajuda. A Dra. Suelena Verano é enfermeira obstetra, especialista em amamentação, e vem deixando as mamães muito mais tranquilas com seu trabalho de consultoria. Ela, que também é consultora em gestação, amamentação e cuidados com o bebê, fornece, ainda, treinamento para cuidadores de recém-nascido. Aproveitamos toda a sua experiência para esclarecer as dúvidas mais comuns sobre amamentação. Confira a entrevista:
Por quanto tempo deve-se amamentar a criança?
O bebê deve ser amamentado exclusivamente ao seio até o sexto mês de vida. A partir daí, o pediatra começa a inserir novos alimentos. O Ministério da Saúde recomenda que a amamentação continue até os dois anos ou mais.
O bebê vai ficar satisfeito apenas com o colostro, o primeiro leite da mamãe?
Na barriguinha do bebê cabem mais ou menos três colheres de chá no primeiro dia. Assim, não é preciso se preocupar com a fome do bebê nem com o volume das mamas neste momento. O colostro é mais que suficiente para alimentá-lo nessa fase.
Em quanto tempo o leite desce?
Entre o primeiro e o quinto dia após o parto ocorre a apojadura ou “descida do leite”. É quando a mãe sente as mamas cheias, quentes e pesadas, porém sem dor, sinal de que os seios estão produzindo leite em grande escala. Essa descida depende de estímulos, como o trabalho de parto e, principalmente, o bebê mamando.
Quanto tempo deve durar cada mamada?
Deve durar o tempo que o bebê determinar. A mamada começa com a abertura da boca, pega e apreensão da aréola e mamilo. Ele deve estar acordado e mamando sem parar. Quando satisfeito, solta a mama. O ideal é que o bebê seja alimentado quando sentir vontade. Bebês costumam mamar de 10 a 12 vezes ao dia, o que perfaz um intervalo de duas a três horas entre as mamadas. Portanto, você não precisa acordar seu filho de madrugada para mamar, a não ser que seja uma orientação do profissional de saúde para bebês com perda ou pouco ganho de peso.
Existe leite materno “fraco”?
No começo da mamada, o leite tem menos gordura e no final dela já é rico nesse nutriente, responsável pela saciedade do bebê. Portanto, a criança que mama toda hora ou que começa a mamar e dorme no peito estará sempre com fome e vai querer mamar em intervalos menores, muitas vezes até perdendo peso.
Como evitar as rachaduras nos mamilos?
A higienização deve ser feita apenas no banho, com água. Evite o uso de sabonetes e pomadas. Após a mamada, retire algumas gotinhas de leite e as passe nos dois mamilos. Também não é preciso limpar a babinha do bebê, pois ela protege a região. É importante não usar protetores/absorventes porque eles grudam e criam um ambiente ideal para o desenvolvimento de micro-organismos. É muito interessante manter as mamas sustentadas por sutiã com abertura tipo triângulo ou tipoia, deixando os seios destampados em alguns momentos do dia para arejar a região.
O que fazer com as mamas empedradas?
Nunca use compressas quentes. Ordenhe manualmente as mamas ou use uma bomba elétrica, nunca a manual. Aproveite e faça a doação do excesso de leite a bancos de leite humano.
Escola de Cegonhas
Além do trabalho com amamentação, a Dra. Suelena é responsável por uma consultoria que tranquiliza o “casal grávido”, cheio de dúvidas. O projeto foi batizado carinhosamente por uma de suas pacientes como “Escola de Cegonhas”.
O primeiro encontro deve ser realizado logo no início da gestação. São apresentadas as modificações fisiológicas da gravidez, examinadas as mamas e discutidas as condutas para uma gestação, parto e puerpério saudáveis, além de dicas sobre a compra do enxoval da mãe e do bebê. A segunda consulta ocorre por volta do sétimo mês, para trabalhar os temas parto e amamentação. No mês seguinte, no terceiro encontro, é feito o treinamento dos futuros pais e avós para os cuidados com o bebê. As mesmas instruções, acrescidas de informações estratégicas, são oferecidas no curso para babás, idealizado pela Dra. Suelena.