Se a chegada de uma criança saudável e que nasceu no tempo certo já inspira cuidados, imagine um bebê prematuro, que ficou dias ou até meses em uma UTI neonatal. O prematuro, em geral, recebe alta quando a sucção e o ganho de peso estão adequados (em torno de dois quilos), sendo que pode haver exceções que devem ser tratadas individualmente. Assim, a tão esperada hora de deixar o hospital também pode trazer angústia e dúvidas aos pais: como cuidar do prematuro sem ajuda?
Segundo a pediatra especialista em Neonatologia Dra. Gislayne Souza Nieto, a primeira providência é buscar conhecimento das condições clínicas do prematuro, pegar todas as orientações com a equipe que o atendeu, tirando dúvidas, recebendo relatório sobre o internamento e ter um ambiente propício e de confiança em casa para atender todas as necessidades desse ser frágil, porém corajoso, que sobreviveu, apesar de todos os problemas iniciais em sua vida.
Além disso, o ambiente familiar deve ser de tranquilidade, evitando-se exposição a cigarro ou pessoas com quadro viral. Visitas devem ser limitadas e os visitantes devem sempre lavar as mãos antes de pegar o bebê. Isso porque o prematuro tem uma imaturidade imunológica, com risco aumentado para infecções de vias aéreas, entre outras. Os pais também precisam estar atentos às orientações para a imunização do prematuro, que tem um calendário de vacina especial.
Quanto à alimentação, a Dra. Gislayne informa que o leite materno é sempre o ideal, mas se for preciso a complementação com fórmulas infantis, é fundamental que sejam adequadas para a idade e necessidades especiais do prematuro. O ganho de peso deve ser monitorado com cuidado, com pesagens semanais inicialmente.
A dieta complementar também terá um momento especial para a sua introdução, devendo-se respeitar o desenvolvimento neurológico e maturação do sistema gastrointestinal. “Com o passar dos dias, pais e familiares sentem-se mais seguros e confiantes e o novo membro da família mostra que, com amor e cuidados adequados, pode ter um bom desenvolvimento e, o mais importante, será saudável e feliz”, ressalta.
Acompanhamento multidisciplinar
De acordo com a Dra. Gislayne, a família precisa saber que será necessário o acompanhamento com um pediatra neonatologista de confiança, que conheça todas as intercorrências do internamento. Na maioria das vezes, é indicado o atendimento multiprofissional, com consultas com neurologista, oftalmologista, cardiologista, fisioterapeuta e, algumas vezes, fonoaudiólogo, pneumologista, endocrinologista, entre outros com indicações mais pontuais.