Responsáveis pela defesa do organismo, barrando germes e produzindo anticorpos para combater infecções, as amígdalas e adenoides, contraditoriamente, podem se tornar um problema para a saúde da criança. Isso ocorre quando o ataque das bactérias é tão intenso e agressivo que as leva a inflamarem, provocando quadros frequentes de dores de garganta, dores de ouvido, entre outros sintomas. Segundo a otorrinolaringologista Dra. Ângela Suemi Shimuta, a cirurgia para remover essas estruturas pode ser a solução em casos mais graves, em que os remédios já não fazem mais efeito. Para entender melhor como o problema se instala e se seu filho pode operar, acompanhe a entrevista com a especialista:
O que são amígdalas e adenoides e quais as funções delas nas crianças?
Amígdalas são duas estruturas redondas formadas por tecido linfoide localizadas na parte de trás da garganta, que agem como filtros de agentes invasores da boca e que produzem anticorpos para o nosso corpo combater as infecções na garganta e nariz. As adenoides também são massas de tecido linfoide, popularmente chamadas de “carne esponjosa”, localizadas na parte de trás da cavidade do nariz, por onde passa o fluxo aéreo nasal. Elas têm a mesma função das amígdalas, servindo de primeira linha de defesa do organismo, barrando germes e produzindo anticorpos para combater infecções.
Quando elas se tornam um problema para as crianças?
Elas se tornam um problema quando o ataque das bactérias é tão intenso e agressivo que leva as amígdalas e adenoides a inflamarem. Isso causa inchaço e aumento dessas estruturas. As crianças passam a respirar de boca aberta e roncar à noite, tendo dificuldades para dormir. Podem ter ainda problemas de ouvido, dificuldade para comer, falta de apetite e de concentração, aumento de recidivas das infecções de garganta e ainda ter os gânglios do pescoço inchados e inflamados constantemente.
Em que casos a cirurgia para remoção das amígdalas e adenoides é indicada? Existe uma idade limite para isso?
A remoção cirúrgica dessas estruturas é indicada quando elas se tornarem focos de infecção, com infecções muito frequentes e os antibióticos não estiverem resolvendo ou ainda se elas ficarem tão grandes a ponto de acarretar nessas crianças respiração só pela boca, parada na respiração durante a noite (apneia do sono), otites de repetição, perda de audição, alterações de crescimento corporal (pela diminuição do hormônio de crescimento) e facial, diminuição na qualidade de vida, déficit de concentração e prejuízo no rendimento esportivo e escolar. Não há uma idade certa para operar, depende de cada caso. Para tomar a decisão correta avalia-se o custo/benefício para o procedimento. Daí a importância das consultas periódicas com o pediatra ou otorrino.
Tem sempre que operar as duas juntas (amígdalas e adenoides)?
Não obrigatoriamente. Às vezes só uma das estruturas apresenta crescimento exagerado ou se torna foco de infecção.
Se as amígdalas e adenoides são um órgão de defesa, não é perigoso removê-las? A criança não vai deixar de ter alguns problemas para ter outros?
Não é perigoso, é uma cirurgia simples e não afeta o sistema de defesa do organismo, pois há outros tecidos linfoides que desempenham a mesma função das amígdalas e das adenoides. Além disso, quando elas inflamam com muita frequência, não estão mais trabalhando a favor do sistema imune. Quando as estruturas doentes são retiradas, elas deixam de sobrecarregar o organismo e o sistema de defesa passa a trabalhar melhor.
Como deve se preparar as crianças para a cirurgia?
O otorrino verificará os exames pré-operatórios realizados, a fim de avaliar a integridade da saúde da criança e descartar alterações cardíacas e clínicas em geral que possam interferir no sucesso da cirurgia. No dia do procedimento a criança deverá estar em jejum, inclusive de água, por 12 horas para evitar que vomite quando for anestesiada.
Quais as recomendações para o pós-operatório?
A criança deverá comer alimentos mais líquidos e pastosos em temperatura fria e evitar bebidas gasosas ou ácidas que irritam a garganta. Quanto melhor seu filho se alimentar e estiver hidratado mais rápida será a sua recuperação. É importante também fazer repouso relativo durante uma semana, portanto, a criança ficará afastada da escola durante esse período; e deverá tomar remédios que o médico julgar necessários.
Como perceber se meu filho sofre com problemas nas amígdalas e adenoides?
Sinais noturnos: ronco, apneia, tosse, sono não repousante e muito agitado.
Sinais diurnos: respiração bucal, voz anasalada, hipersalivaçao, não ganha peso, cansaço fácil, sonolência.
“O correto diagnóstico e o tratamento evitarão às crianças um prejuízo na sua qualidade de vida e garantirão o retorno a uma vida normal.”