Não consigo engravidar. O que eu faço?
Apesar do desejo e empenho dos pais, muitas vezes o tão sonhado bebê parece não querer chegar nunca. A infertilidade está presente em aproximadamente 14% dos casais do mundo, e supõe-se que um a cada sete casais em idade reprodutiva apresentará dificuldade para engravidar. Mas não se desespere! Um casal só é considerado infértil após um ano de tentativas de engravidar sem sucesso. Após esse período, o ideal é procurar ajuda médica. “A medicina evoluiu e hoje temos técnicas avançadas para tratar a infertilidade e até para preservação da fertilidade”, explica a ginecologista e obstetra, pós-graduada e atuante na área de Reprodução Humana Assistida, Dra. Carla Iaconelli. Confira mais informações com a especialista:

Qual é o momento ideal para o casal procurar tratamento de fertilização?

Atualmente, os casais estão postergando o plano de terem filhos para aproveitarem mais a vida de casados, ou em função da carreira e, muitas vezes, pela demora em encontrar o parceiro ideal. Por sorte, a tecnologia evoluiu e hoje temos técnicas avançadas para tratar a infertilidade e até para a preservação da fertilidade, como o congelamento de óvulos e embriões. O casal que após um ano de tentativas de engravidar não obtiver sucesso, ou mulheres com mais de 36 anos que estão tentando por 6 meses, devem procurar ajuda médica especializada. Quando um casal chega à clínica e o diagnóstico de infertilidade é definido, além de uma cuidadosa entrevista e exame físico, alguns exames são necessários para encontrar a causa do problema. O tratamento é individualizado de acordo com os resultados dos exames.

Como avaliar se a infertilidade é um problema do homem ou da mulher?

Há tanto fatores masculinos quanto femininos, que devem ser devidamente elucidados para definição do tratamento e prognóstico. Em 30% dos casais investigados a causa é de fator masculino, em 30% é de fator feminino, em 30% são dos dois e em 10% não se encontra a causa e a infertilidade é diagnosticada como infertilidade sem causa aparente (ISCA).

Quais são os principais fatores responsáveis pela infertilidade feminina?

A anovulação por síndrome de ovários policísticos é uma das causas mais comuns de infertilidade feminina, assim como as alterações tubárias causadas por infecções pélvicas ou endometriose e fatores uterinos como miomas submucosos (que crescem em direção ao interior do útero), pólipos e mal formações uterinas (útero septado, bicorno, unicorno, didelfo, etc). A idade da mulher é um dos fatores mais determinantes para a taxa de gestação. Sabe-se que após os 35 anos a reserva ovariana começa a reduzir mais aceleradamente até chegar próxima do zero aos 45 anos.

Como são feitas as indicações do tratamento mais adequado?

Ao pesquisar a causa da infertilidade de um casal, alguns exames são obrigatórios. Para a mulher um dos exames mais importantes é a histerossalpingografia, um raio-x das trompas com injeção de contraste na cavidade uterina, que avalia a cavidade do útero e a permeabilidade das trompas. Outro exame importante é a ultrassonografia pélvica transvaginal para avaliar a reserva ovariana e o aspecto endometrial. Para o homem não pode faltar uma análise seminal completa e se esta estiver alterada deve ser realizada avaliação por urologista. Os exames pertinentes aos dois são o cariótipo, as sorologias, o tipo sanguíneo/fator RH e algumas dosagens hormonais, se necessário. A partir dos resultados e da história clínica de cada caso, será solicitado o tratamento ou aprofundamento da investigação.

Quais são as técnicas disponíveis no mercado para tratar a infertilidade?

As técnicas disponíveis podem ser de baixa ou alta complexidade, a diferença entre elas é a necessidade de se utilizar um laboratório de manipulação de gametas (óvulos e espermatozoides) e embriões, com profissionais especializados. As técnicas de baixa complexidade são o coito programado e a inseminação intrauterina, que podem ser realizados com estímulo ovariano com medicamentos ou aproveitando a ovulação natural. A mulher deve ter as trompas íntegras e o homem deve ter o sêmen normal ou com alteração leve. Já as técnicas de alta complexidade são a fertilização in vitro (FIV) clássica, a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) e as de biopsia embrionária para diagnóstico genético pré-gestacional. Nelas, o encontro dos gametas acontece dentro do laboratório e os embriões formados de boa qualidade são transferidos para o interior do útero após 3 a 5 dias da fertilização. Para o sucesso desse tratamento, é necessário estímulo ovariano com medicamentos. A taxa de gravidez em tratamentos de baixa complexidade é de aproximadamente 18% por ciclo e em alta complexidade chega a 50%.

Qualquer técnica de fertilização aumenta a probabilidade de gestação múltipla?

Esse aumento depende da técnica e da condução do caso. Nas técnicas de baixa complexidade deve-se controlar por ultrassonografia o número de folículos em desenvolvimento e se o número for maior que três deve-se cancelar o tratamento. Já nas técnicas de alta complexidade o mecanismo para evitar as gestações múltiplas é limitar o numero de embriões a serem transferidos.

Quais são as recomendações para a mulher que deseja engravidar?

A mulher que deseja engravidar deve antes de tudo ter um estilo de vida saudável, sem abuso de álcool, sem tabagismo ou uso de drogas, alimentação balanceada, estar dentro do peso ideal, fazer exercícios físicos regularmente, acompanhamento médico e tratamento de doenças pré-existentes, fazer check-up ginecológico anual e ter sua saúde bucal em dia.