Mitos e verdades da gestação

Sempre tem alguém pronto para palpitar sobre o que deve ou não ser feito durante a gestação. De um lado, sua mãe lembrando sobre peculiaridades da gravidez dela. Do outro sua cunhada contando sua própria experiência. É tanta coisa que você até fica sem saber no que acreditar. Melhor mesmo é buscar orientação médica. Foi o que fizemos com a ajuda da ginecologista e obstetra Dra. Flávia Carolina Bonnevialle. O Manual da Mamãe listou as dúvidas mais comuns e ela respondeu se é mito ou verdade. Confira:

Se a mulher teve o primeiro filho por cesariana só poderá ter os outros da mesma forma.

MITO. Não existe obrigatoriedade na realização de cesariana em mulheres que realizaram esse tipo de parto em gestação anterior. Apenas existe restrição no uso de alguns medicamentos caso haja necessidade de se induzir o parto vaginal, devido à cicatriz uterina.

Inchaço em grávidas é sinal de pressão alta.

MITO. O inchaço ou edema em gestantes como sinal isolado pode ser resultado de diversos fatores, como ação hormonal, excesso da ingestão de sal e até alterações na função renal. Também contribuem para o inchaço na gestação clima muito quente, permanecer longos períodos em pé e falta de exercícios físicos. Contudo, caso o inchaço apareça súbita e excessivamente, com aumento importante de peso em curto espaço de tempo, deverá ser investigado. Consideramos o edema como decorrente da pressão alta apenas se for acompanhado de outros sintomas, como dores de cabeça, dor abdominal e alterações visuais.

Grávidas não devem tomar banhos muito quentes.

VERDADE. O aumento da temperatura corporal materna acima de 38,8°C eleva o risco de aborto e de má-formações congênitas, especialmente aquelas ligadas a problemas no tubo neural do bebê. Portanto, não é recomendado o uso de saunas, ofurôs e banheiras de hidromassagem com temperaturas superiores a 30°C, principalmente no primeiro trimestre de gestação.

Ficar em jejum diminui o enjoo.

MITO. Ficar em jejum pode piorar o enjoo! O enjoo tende a ser mais intenso durante as manhãs justamente porque durante a noite a gestante fica muitas horas sem comer, o que aumenta a produção de ácidos no estômago. Para mamães que sofrem muito com náuseas durante a gestação é recomendável se alimentar em pequenas porções várias vezes ao dia, com duas horas de intervalo máximo entre as refeições.

Grávidas não podem tomar remédio.

MITO. O uso de medicamentos na gestação pode ser necessário em algumas situações, e para tais situações existem remédios seguros para a gestante. No caso de infecções, por exemplo, o uso do antibiótico adequado pode ser essencial para o bem-estar da mamãe e do bebê. Resumindo: a grávida deve consumir apenas os medicamentos prescritos por seu médico.

Deve-se evitar contato com animais de estimação durante a gravidez.

MITO. A gestante pode conviver com animais domésticos desde que alguns cuidados sejam tomados. O contato com as fezes do animal deve ser evitado e a tarefa da limpeza das fezes e urina do animal deve ser delegada a outra pessoa. A lavagem das mãos com frequência após o contato com o bichinho é muito importante. Porém, a gestante deve evitar o contato com hamsters e répteis.

Grávidas precisam dormir somente do lado esquerdo.

MITO. A gestante pode dormir na posição em que se sentir mais confortável, porém, indicamos a posição deitada sobre o lado esquerdo para evitar a compressão da veia cava, que fica logo atrás do útero do lado direito. A compressão da veia cava pode provocar mal-estar, falta de ar e queda de pressão, principalmente no final da gestação, quando a barriga está mais pesada. Com a grávida deitada sobre o lado esquerdo, o fluxo de sangue e de nutrientes para a placenta é mais eficiente. A posição também pode estimular a função renal, ajudando a diminuir edemas e inchaços.

Grávidas não podem comer frutos do mar nem comida japonesa.

MITO. O perigo está na ingestão de mariscos ou frutos do mar crus, que podem causar infecções. Os frutos do mar bem cozidos em altas temperaturas são seguros. A gestante deve evitar comer os pratos da culinária japonesa que contenham peixe cru, como sashimi ou o sushi tradicional. Também é importante evitar os peixes que possam conter metilmercúrio. Prefira sempre os peixes gordos (exemplo: atum, sardinha e salmão), porque as doses de metal são menores, além de serem ricos em Ômega 3 – ácido graxo muito importante para o desenvolvimento do bebê.

Os seios ficam flácidos após a amamentação.  

MITO. A amamentação em si não torna os seios flácidos, isso depende de uma série de fatores, como variações no peso, número de gestações, perfil genético, estilo de vida e cuidados com a pele. Existem mulheres que nunca tiveram filhos ou amamentaram e já têm a mama flácida, enquanto outras não notam nenhuma diferença nos seios antes ou depois da amamentação. No entanto, o mais importante é nunca colocar a questão estética acima dos benefícios da amamentação. Além do vínculo entre mãe e bebê, é no leite materno que estão anticorpos e nutrientes de que a criança precisa nos primeiros meses.

Grávidas sentem mais calor.

VERDADE. Na gestação ocorre a liberação de hormônios que provocam a dilatação dos vasos. O metabolismo fica acelerado, a gestante sente mais calor e transpira mais, facilitando a perda de líquidos e sais minerais. Fique atenta para diferenciar um calor desses de uma febre, que eleva de fato a temperatura do seu corpo. A febre é sinal de infecção e pode ser perigosa.