Saiba como lidar com a birra das crianças
As crianças querem tudo mesmo! Usam de todas as formas para mostrar o que querem. Choram, gritam histericamente, esperneiam, se jogam no chão... Mas cabe aos pais mostrar se elas “podem” mesmo ter tudo aquilo que desejam. “A birra surge muito cedo nas crianças, logo nos primeiros meses de vida. Ela geralmente é provocada pelo conflito entre o desejo e a frustração pela não satisfação dessa vontade. A organização da personalidade da criança é construída na interação com o outro, com os indivíduos mais próximos, como a mãe e o pai. É um mecanismo saudável e normal na fase do desenvolvimento da criança”, explica a psicóloga e psicopedagoga Dra. Renata Yamasaki.

A criança busca ser o centro das atenções e frente à sua teimosia ou birra, tentará a todo custo obter o que deseja. Os pais precisam ter uma postura firme, mostrando a criança que ela não pode ter tudo sempre. Dessa forma, eles irão ajudar os filhos a aprenderem a enfrentar as frustrações com as quais irão se deparar em vários momentos na vida. “É importante a criança reconhecer os papéis dos pais, saber que eles são autoridade, respeitar as regras familiares, pois, caso contrário, tornar-se-ão adultos frustrados e incapazes”, enfatiza a Dra. Renata. Para ajudar os pais a lidar com essa situação, a especialista traz informações importantes sobre o assunto. Confira:

De que forma é possível evitar a birra?

A criança precisa passar pelas dores do crescimento e impedir que ela sofra é o “maior” mal que os pais podem fazer aos filhos. Desde pequenos, pais e filhos têm de aprender a dizer e a ouvir o ”não”. É fundamental explicar, dar significado aos limites impostos, para que eles aceitem as imposições absolutamente necessárias. Os filhos aprendem com os exemplos e o comportamento dos pais funciona como um espelho, oferecendo opções entre a permissividade total e a proibição absoluta nas diferentes situações da vida.

Rotina é importante?

Precisa existir! Crianças necessitam de regras, rotina e horário, e se estas responsabilidades que são dos pais, não forem diárias, depois de um certo tempo, os filhos irão se comportar como indivíduos mal-educados, inconvenientes, sem limites, irritados e birrentos. A ideia de rotina nem sempre é vista com bons olhos, especialmente entre aqueles que a veem como certo aprisionamento ou impossibilidade de escolha. No entanto, quando se trata de bebês, a rotina é fundamental para desenvolver o senso de segurança e, posteriormente, a autoconfiança, tão necessários na vida de todos nós. Na rotina do bebê ou das crianças maiores, deve-se levar em consideração as diferenças individuais de cada um. Mas, cuidado, as regras não podem ser tão rígidas e inflexíveis, elas devem ser adequadas às necessidades da criança.

Como os pais devem se comportar com os filhos quando a birra ultrapassar o limite? E qual deve ser esse limite tolerado?

É realmente mais fácil concordar, mas não permitir também é uma forma de educar. Atualmente, pais e mães trabalham muito, estão cansados, estressados. Há diferentes tipos de pais: os ausentes, que por se sentirem culpados querem dar e comprar tudo para o filho; os acomodados, que preferem dizer “sim” para tudo para não terem trabalho; há também os que querem fazer “diferente de seus pais” e dão aos filhos tudo aquilo que não tiveram; e os muito autoritários, iguais aos seus pais, que proíbem tudo. Diante desta diversidade de pais, ao lidar com a birra, é fundamental ter calma, paciência, muitas vezes ser indiferentes, mas com o cuidado de não tirar das crianças as responsabilidades que elas têm pelos seus atos. O limite tolerado é aquele o qual foi decidido em conjunto pela família, que não invade a privacidade do outro, que não traz riscos à saúde e à vida da criança.

O castigo ou alguma punição é uma estratégia ainda válida e eficaz?

Depende do contexto. Mas a comunicação, as regras e os acordos ainda são a melhor solução. A criança que não aprender em casa a lidar com as limitações e frustrações, dificilmente aceitará as imposições da avó, da professora, da mãe do amigo, do futuro patrão, da esposa ou marido.

Alguns pais defendem a palmada. Ela resolve?

Antigamente, a criança não tinha vez, não tinha o poder da palavra e sua opinião pouco importava. Quando esta passou a ir para a escola, aprendeu a se colocar, a fazer parte de um grupo diferente dos adultos e, assim, socialmente passou a ter mais importância. Porém, devido à nossa cultura atual, muitas vezes o “querer” dos filhos sobrepõe ao dos pais e é aqui que eles perderam o controle. Sendo assim, na persistência da birra, a conversa é a melhor solução, procure entender o significado da birra, mostre a ele que os limites têm que ser respeitados, repita as regras, fale quantas vezes for necessário, e se mesmo assim ele não entender, explique de novo. Muitas vezes, os pais pensam que dizer “não” é uma forma de desamor, mas, na verdade, é uma forma de dar afeto, de demostrar que se preocupam com os filhos, mostrando a eles como devem ter respeito e educação.