Na acirrada disputa com a televisão, o videogame e os passeios no shopping, os livros acabam perdendo espaço e se tornando menos interessantes para a criançada. Mas, desde pequena, a criança deve ser estimulada a reconhecer a leitura como um momento de prazer, pois os benefícios são inúmeros. Por meio do livro, a criança vê representados no texto, simbolicamente, os conflitos que enfrenta no seu dia a dia. Dessa forma, ela vai conhecer melhor a realidade que a cerca e o seu lugar no mundo, pois, ao conseguir compreender a história, a criança começa a aprender a organizar o mundo para si, elaborando melhor a tomada de consciência do que sabe, pensa e sente.Esse estímulo começa em casa. Os pais podem fazer isso de uma maneira natural, presenteando seus filhos com livros infantis e gibis e, no caso de crianças que não estão alfabetizadas ainda, sugere-se a reserva de um momento para contar histórias a elas, usando livros ilustrativos. Este deve ser um momento divertido, espontâneo e criativo, permitindo a ela obter esclarecimentos sobre si mesmos, favorecendo, assim, o desenvolvimento de sua personalidade e imaginação. Outra maneira interessante de demonstrar para o filho o prazer da leitura é a praticando na presença deles, bem como comentar assuntos lidos e até mesmo selecionar algo que compete ao entendimento da criança e fazer uma espécie de debate sobre o assunto. É importante conscientizar a leitura como algo de valor positivo e não como um castigo, de forma que não tome conotação negativa para a criança.
Ziraldo: ícone das histórias infantis brasileiras
Na carreira, uma longa trajetória como cartunista, ilustrador, humorista e dramaturgo. No currículo, diversas obras que marcaram o mercado editorial brasileiro, revelando personagens de histórias em quadrinhos presentes nas histórias do imaginário infantil. E foi justamente esse segmento que marcou e consagrou o mineiro Ziraldo Alves Pinto como autor de histórias infantis. Ainda na infância, o jovem talento não sabia que seu traço original daria vida a um dos personagens mais conhecidos criado por ele: “O Menino Maluquinho”, o garoto ousado que, em vez de um boné, usa uma panela na cabeça.
Além dos riscos e rabiscos que deram vida a tantos personagens nos papéis, Ziraldo pincelou versatilidade nas telas de pintura através da exposição Zeróis: Ziraldo na tela grande, uma coleção de 44 obras, criadas e pintadas por ele.
Hoje, aos 78 anos de idade, o cartunista apresenta novidades ao público infantil: o livro “O Menino da Terra” e a centésima edição comemorativa do “Menino Maluquinho”, ambos lançados na Bienal do Livro de São Paulo, realizada em agosto de 2010.
Ziraldo, residente no Rio de Janeiro, concedeu entrevista à equipe do Manual da Mamãe, por telefone. Avesso à internet, o artista destacou a importância da leitura na formação do povo brasileiro. Quando questionado se preferia a pintura ou a escrita, Ziraldo mostra irreverência. “Com esse negócio da entrevista agora, eu gostei tanto de fazer que vou empatar. Antes era escrever, mas agora vou escrever e desenhar”,arremata.
O senhor prefere o desenho ou a escrita?
Sabe que isso é um problema? Quando eu era mais jovem [hoje estou com setenta e oito anos, daqui a pouco faço 80, se Deus quiser] eu achava que eu ia parar de trabalhar feito um maluco como eu sempre trabalhei a vida toda, e ia virar pintor, ficar em casa pintando, praticamente. Mas aconteceu uma coisa que eu não programei: eu comecei a escrever livro pra criança. Aí fiquei encantado, escrevi uma porção de livros, mas com esse negócio da entrevista agora, eu gostei tanto de fazer que vou fazer as duas coisas. Antes era escrever, agora acho que vou empatar: escrever e desenhar.
Qual é o segredo de escrever para crianças? Há alguma fórmula pra isso?
Não tem nada. É só lembrar do tempo de infância, mandar brasa e não ensinar nada. Criança não gosta de ser ensinada.
Como o senhor avalia a importância da leitura na era do computador e do videogame?
Olha, temos de nos esforçar, dar muita ênfase ao livro porque a gente precisa transformar o Brasil em um país de leitores. Estudar é muito importante. Mas ler é mais importante que estudar.
O que “O Menino Maluquinho” representou na sua carreira? Ele é seu personagem favorito?
Ele foi muito marcante na minha vida, porque fez tanto sucesso que eu virei autor infantil, uma coisa que eu não era. Então, o Menino Maluquinho trouxe essa mudança na minha vida.