Crianças podem ser vítimas de transtornos alimentares?
“Preciso muito perder uns quilinhos”. “Olha como aquela atriz emagreceu e ficou bonita”. Frases comuns no dia a dia das famílias, em tempos de uma cobrança cada vez maior por corpos dentro dos “padrões”, podem impactar as crianças de forma mais profunda do que se imagina. A frequência com que elas ouvem e assimilam essas informações pode ser o gatilho para o surgimento de transtornos alimentares na infância.

De acordo com a psicóloga clínica do Instituto de Pesquisa do Comportamento Alimentar de Curitiba (IPCAC), Dra. Priscilla Leitner, esses transtornos têm aparecido cada vez mais cedo, entre 7 e 9 anos, mas são mais comuns na pré-adolescência, a partir dos 12. “Transtornos alimentares na infância são distúrbios do comportamento alimentar que podem levar tanto ao emagrecimento extremo quanto à obesidade, sem falar em danos permanentes ao crescimento e ao desenvolvimento físico e cognitivo”, ressalta.

A especialista comenta que não é fácil identificar que uma criança tem transtorno alimentar, mas é preciso ficar atento a alguns sinais como: emagrecimento ou ganho de peso excessivos; alterações de humor, como ansiedade, agressividade e irritação; preocupação da criança com a comida ao selecionar demais o que come, ou, por outro lado, comer demais. “Diante da menor desconfiança, é importante procurar ajuda de profissionais qualificados para tratar ou descartar o problema”, orienta a Dra. Priscilla.

Uma vez identificado o transtorno alimentar na infância o tratamento é impreterivelmente multidisciplinar, envolvendo, claro, o pediatra da criança, além de psicólogo, psiquiatra, nutricionista, nutrólogo, educador físico, entre outros. Também é fundamental a participação da família neste momento, afinal todo o problema, direta ou indiretamente, acaba se relacionando a ela.

Causas

Não é regra, mas quase sempre, quando uma criança tem um transtorno alimentar, a família, principalmente os pais, tem algum tipo de problema na relação com a comida. Há muitos casos em que eles fazem dietas muito restritivas, têm uma rigidez alimentar, por outro lado, há os que comem por compulsão. Outra vertente que influencia as crianças é o preconceito/julgamento dos pais sobre pessoas com muito ou pouco peso. Outro fator que está presente em crianças que têm transtornos alimentares é o bullying, que, nesses casos, ocorre normalmente quando a criança acumula um pouco de peso, mesmo estando em parâmetros saudáveis, e acaba sendo vítima de chacota entre amigos ou na escola.