Diante das exigências relativas ao crescimento econômico, à competitividade no mercado de trabalho e à busca de atualização contínua, cada vez menos as pessoas dispõem de tempo para investir nas relações, principalmente as familiares. Desse cenário, surge a questão: você está preparado para ser mãe ou pai? “Isso envolve uma decisão com visão de longo prazo”, destaca a psicóloga e terapeuta familiar Dra. Regina Barreto.
Essa falta de preparo tem resultado no que se chama “terceirização da criança”, ou seja, submetê-la a diversas atividades, dando a outros a responsabilidade de educá-la. A Dra. Regina alerta que isso é uma realidade já vivenciada, muitas vezes relacionada à condição financeira, à falta de conhecimento sobre o desenvolvimento infantil e, consequentemente, a uma desatenção ao psicológico.
“As crianças precisam muito mais do que cuidados básicos, como alimentação, higiene e descanso, elas necessitam da companhia, do diálogo, da presença e do exemplo dos pais”, afirma a especialista. Segundo ela, a formação da personalidade e o desenvolvimento físico e cognitivo da criança possuem sua fase crítica entre o primeiro e segundo ano de vida, sendo muitas vezes nesse momento que os pais reconhecem ser mais difícil conciliar suas atividades com a presença em casa, e as crianças precisam ser “terceirizadas” para que a mãe e o pai possam seguir a rotina de suas vidas e dar suporte financeiro à família.
“Assim, verifica-se frequentemente uma rotina intensa e estressante em que as crianças não têm disponível tempo para brincar, vivendo em um ritmo desenfreado como forma de acompanhar a rotina de seus pais”, avalia a Dra. Regina. Portanto, conclui a psicóloga, o momento para iniciar um relacionamento saudável com seu filho é desde o útero materno, quando o bebê já incorpora informações e vai se estabelecendo o desenvolvimento da criança.
“Viver em família é a melhor solução para a prevenção de distúrbios de desenvolvimento físico, emocional e cognitivo. Muitas vezes as crianças têm tudo o que desejam materialmente, mas não tem amor verdadeiro”, alerta. Como avaliar o grau de amor investido em uma criança pelo profissional que é contratado para lhe oferecer tal sentimento? E como medir o nível de envolvimento dos profissionais das escolas, considerando questões éticas existentes no ambiente escolar? É com essas reflexões que a Dra. Regina instiga os pais a repensarem sobre o seu tempo e o relacionamento familiar. “Crianças amadas construirão um futuro melhor.”