Round 6: quais os impactos de cenas de violência em crianças?

Round 6, série da Netflix lançada em setembro, já é a série mais vista do streaming e vem preocupando muitos pais. Isso porque que muitas crianças  estão assistindo à produção que tem classificação etária de 16 anos, devido a conteúdos de violência, tortura psicológica, suicídio, sexo e tráfico de órgãos.

Diante deste cenário, a neuropsicóloga Leninha Wagner lembra que o quanto é necessária uma espécie de controle por parte dos pais. “Ao entrar em contato com conteúdo de cunho violento, as crianças e adolescentes acabam ‘normalizando’ e tomando isso como algo comum. Tornam-se mais reativas e agressivas. Nesta fase da vida ainda são imaturos e muito vulneráveis a estímulos que podem se tornar incontroláveis e até mesmo viciantes”, acrescenta.

Já o PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo Fabiano de Abreu revela que "a criança não tem a mesma percepção preventiva do adulto, já que a região do lobo frontal, relacionada à tomada de decisões, lógica e prevenção está em formação. Assim como a cognição com base na experiência não está desenvolvida. São discernimentos diferentes na percepção do adulto e da criança”. Neste caso, ele recomenda aos pais: “Deve-se ter cuidado ao acesso das crianças e explicar com argumentos coerentes para a faixa etária, de maneira que entenda o real e o abstrato assim como suas consequências".

Para Roberta Bento, especialista em educação e neurociência cognitiva, quando a criança é exposta a conteúdos violentos, ela tem sentimentos de raiva constantes e dificuldades em controlar as emoções. Esse tipo de conteúdo só atrapalha e a criança não consegue mais controlar as reações.

"Quando a criança é exposta à violência extrema constantemente, o cérebro cria um tipo de processo de dissociação, para que ela não sinta a angústia e dor que aquilo gera. Ela não aprende a separar esses casos e, com o tempo, perdem a capacidade de ajudar o próximo e a capacidade de empatia, por exemplo. A gente não quer filhos que simplesmente não matem, a gente quer filhos que amem as pessoas", completa a especialista.

Na série, brincadeiras infantis bastante conhecidas – como "batatinha frita 1, 2, 3", "bolinha de gude" e "cabo de guerra" – são utilizadas em uma espécie de jogo de sobrevivência, no qual os participantes que não atingem o objetivo final são assassinados. E tudo isso por um prêmio milionário.

O que fazer?
Por isso, segundo neuropsicóloga Deborah Moss, o ideal é sempre dialogar, antes mesmo da proibição. "Hoje, as crianças estão muito livres para fazerem escolhas em relação aos programas que vão assistir. Vimos que, muitas vezes, os pais estão trabalhando e não têm tempo para fiscalizar. É importante que eles tenham um canal de comunicação com os filhos e conversem sempre sobre o que é pertinente e saudável para a idade. É interessante estabelecerem, juntos, possibilidades de escolhas, isto é, dar opções que sejam do interessa da criança. Esse é o primeiro passo", orienta.

"No entanto, o que não é permitido para a idade, não cabe aos filhos assistirem nesse momento. Esse limite deve ser estabelecido pelos pais e estar claro para as crianças. Mesmo assim, os responsáveis devem sempre manter um controle sobre o que os filhos estão assistindo", finalizou a neuropsicóloga.

Roberta Bento acrescenta que não é possível controlar tudo que os filhos fazem, mas os pais têm o poder de influenciar o que eles vão fazer. "O sentimeto de estar fazendo uma coisa contrária ao que foi proposto pelo pais não os deixam relaxados", pontua. Assim, a autonomia dada pelos pais deve estar de acordo com a idade do filho e não deve-se confundir autonomia com negligência. "O canal de comunicação deve estar aberto, mas o poder de decisão é dos pais", afirma.

Por isso, caso seu filho insista em querer assistir à série, seja firme e diga não. Proibir também é cuidar e demonstra preocupação com a criança. Por outro lado, o fato de falar sobre a série, caso seu filho traga esse assunto para dentro de casa, não deve ser proibido. "Não proíba o assunto dentro de sua casa porque você precisa ouvir o que ele está falando e com quem está falando. É do seu filho dentro de casa que você precisa cuidar. Não perca o seu tempo pensando no que a Netflix pode ou não colocar na plataforma. É responsabilidade nossa. Nós adultos somos a fonte mais segura de devolução para eles", aconselha Roberta.

Alerta na escola
No Rio de Janeiro, uma carta aberta emitida por uma escola viralizou e está circulando nas redes sociais. Nela, a instituição afirma que a série tem sido "assunto" entre os alunos de 7 e 8 anos durante o recreio e horários livres.

"O que nos causa preocupação é a facilidade com que as crianças acessam esse material. Lembramos, apenas para informação, que canais de streaming, como a Netflix e outros, possuem a 'restrição de visualização por classificação etária', uma ferramenta preciosa para que nossas crianças acessem somente o conteúdo apropriado à sua idade", orientou a escola Aladdin.

 

 

 

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