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Além do temor de contaminação pelo vírus, há o medo de que o sistema hospitalar entre em colapso diante do grande volume de doentes, com falta de médicos, enfermeiros, equipamentos e leitos."Por volta de 10% das mulheres que estão com as nossas equipes para parto hospitalar estão nos perguntando se podem ter o parto em casa", diz a um portal de notícias a obstetriz Ana Cristina Duarte, coordenadora do Coletivo Nascer, grupo de obstetras e obstetrizes que atendem partos hospitalares humanizados em São Paulo, e diretora do Siaparto (Simpósio Internacional de Assistência ao Parto).O fenômeno não se restringe a grávidas no Brasil. Nos Estados Unidos, que na quinta-feira (26/03) se tornaram o país com o maior número de casos de Covid-19 no mundo."Costumamos fazer entre seis e dez partos em casa por mês. Somente na última semana, recebemos entre 30 e 40 telefonemas (de grávidas interessadas)", diz ao mesmo portal a enfermeira obstetra Nannette Jenkins, da Riverside Midwifery, em Buckeystown, no Estado de Maryland.RiscosO parto domiciliar costuma exigir meses de preparação e planejamento. Além disso, nem todas as mulheres são boas candidatas a esse tipo de parto. É para mulheres com gravidez saudável, não para gravidez de alto risco.Segundo Ana Cristina, do Coletivo Nascer, o parto domiciliar é acompanhado por duas enfermeiras obstetras ou obstetrizes e envolve equipamentos específicos para garantir que, em caso de problema, possam ser tomadas medidas emergenciais. Ela ressalta que é crucial que as profissionais que vão atender o parto em casa sejam treinadas e equipadas.Uma das preocupações, diz a obstetra, é que, se muitas mulheres começarem a optar por parto domiciliar devido à pandemia, equipes pouco treinadas ou com pouca experiência em emergências possam colocar em risco a saúde da mãe e do bebê.HospitaisApesar da preocupação, os médicos também alertam para o fato de que os os hospitais estão se organizando para separarem os pacientes com covid-19 de outras alas."Não sou favorável ao parto domiciliar, por considerá-lo de mais risco", diz o ginecologista Ricardo Tedesco, professor de obstetrícia da Faculdade de Medicina de JundiaíTedesco."Acho que, quando se coloca na balança essa alternativa frente à possibilidade de um serviço comprometido, com uma demanda grande por causa do coronavírus, ainda assim o serviço hospitalar é melhor."Para ele, para quem optar pelo parto em casa, é importante estar próximo a um hospital, em caso de complicações. "Para uma paciente que tem hemorragia pós-parto, ou um parto difícil, talvez seja pior chegar a um pronto-socorro numa situação de urgência em relação a essa exposição ao coronavírus, do que de forma planejada (no caso do parto já feito no hospital)."Opção por parto domiciliar cresce entre grávidas com medo do coronavírus

Grupos de obstetras de todo o País têm relatado um número crescente de grávidas que estão cogitando a possibilidade de ter parto domiciliar, ao invés de um parto humanizado no hospital como planejado.