Filhos dormindo bem, pais tranquilos. Mas, por outro lado, quando eles percebem roncos, sono agitado, respiração pela boca, transpiração excessiva, a preocupação é certa. Esses são sintomas muito comuns em crianças com problemas respiratórios e devem ser investigados. “Nossos filhos precisam descansar à noite. Crianças que roncam não relaxam. Quando dormem dividindo a mesma cama com os pais, especialmente durante as férias ou feriados, muitos comentam que os filhos se movimentam a noite inteira, procurando uma posição mais confortável. É preciso ficar atento aos sintomas e procurar atendimento médico”, explica o otorrinolaringologista Dr. Caio Soares.
Seu filho dorme em posições estranhas ou com o pescoço estendido? Tem dificuldade de acordar cedo? Está mais irritado? Cansa nas atividades físicas usuais? Tem fadiga crônica? O odontopediatra disse que os dentinhos estão entortando? O rendimento escolar está piorando? Essas são perguntas que os pais devem ter como prioridade. Segundo o Dr. Caio, é importante observar primeiramente a garganta da criança, para notar se existe passagem suficiente. O aumento das amigdalas palatinas é um grande indício de que alguma coisa não vai bem.
Outra causa bem frequente e que precisa ser investigada é o aumento das adenoides. Crianças com aumento de amigdalas e/ou adenoides são, estatisticamente, mais predisponentes a ter infecção nas vias aéreas. E usam antibióticos com mais frequência. Não é incomum a associação desta doença com rinites crônicas, como, por exemplo, a alérgica, na qual o nariz trancado com catarro (rinorreia) abundante incomoda a criança e preocupa os pais. Além disso, fazer xixi na cama (enurese noturna) também é um sintoma que precisa de acompanhamento médico. Estatisticamente, esse problema se resolve em 70% pós-tratamento da obstrução respiratória.
“Existem casos mais avançados em que as crianças podem chegar a sofrer de Apneia Obstrutiva do Sono, que consiste numa alteração do ritmo da respiração, com obstrução intermitente das vias aéreas durante o sono, podendo ser leve a acentuada. Como consequência, podemos notar diminuição da ventilação, comprometendo a oxigenação noturna. Os pais precisam estar atentos ao movimento do tórax da criança e observar se há um esforço respiratório. O ritmo respiratório se torna irregular”, alerta.
É fundamental que a criança não fique sem um diagnóstico correto, feito por um profissional especializado. Só assim, poderá receber tratamento adequado. “A apneia noturna em crianças e as infecções de vias aéreas superiores parecem estar mais frequentes em nosso meio. Fique atento à saúde do seu filho”, recomenda o Dr. Caio.