O refluxo gastroesofágico (RGE) é uma das causas mais comuns de procura à Gastropediatria, assim como a constipação, diarreia e dor abdominal. Problema comum, o RGE pode acometer 90% dos bebês e ocorre quando o conteúdo do estômago reflui para o esôfago.A gastroenterologista pediátrica Dra. Clara Campos Fernandes explica que ele se manifesta com regurgitações ou vômitos frequentes, e conta que, quando não traz prejuízo para o crescimento e desenvolvimento do bebê, é conhecido como fisiológico.O problema vai melhorando à medida que o lactente cresce, pelo desenvolvimento do seu tônus, permitindo que se sente e se levante; pelo amadurecimento dos mecanismos antirrefluxo anatômicos; e pela introdução adequada dos alimentos. “A maioria dos bebês melhora com seis meses, e poucos têm sintomas após um ano de vida.”Não confundaÉ importante que a mamãe não confunda o refluxo fisiológico com a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).Neste caso, o bebê tem complicações causadas pelo refluxo, como baixo ganho de peso, irritabilidade, choro, recusa alimentar, engasgos, rouquidão, chiado no peito, pneumonia e até mesmo parada de respiração
Para diferenciar RGE fisiológico da Doença do refluxo gastroesofágico, a Dra. Clara orienta que a criança deve ser acompanhada pelo médico, com avaliação tanto do crescimento quanto das aquisições do desenvolvimento.
Este acompanhamento, segundo a especialista, também permitirá diferenciar a DRGE de outras doenças, uma vez que se trata de sintomas tão frequentes nesta idade e que também ocorrem em diversas doenças, como alergia alimentar (especialmente à proteína do leite de vaca), doenças neurológicas e infecciosas, como a infecção urinária. “O diagnóstico é feito com uma história clínica e exame físico detalhado, sem necessidade de outros exames na grande maioria dos casos.”
Tratamento
Uma boa orientação quanto à postura do bebê, ao aleitamento materno e à introdução alimentar pode ser o suficiente para resolver o refluxo fisiológico. Já na doença do refluxo gastroesofágico, é preciso usar medicações específicas, que ajudam a esvaziar o esôfago e estômago e que reduzem a acidez gástrica. “Em todos os casos, o apoio médico é essencial”, finaliza.
Dica
A cabeceira do berço ou da cama da criança deve ficar elevada em até 30º para que a ação da gravidade ajude o esvaziamento gástrico.