Parto normal após cesárea: é possível?
Uma vez cesariana, sempre cesariana? Não necessariamente. As estatísticas mostram: menos de 1% das pacientes que tiveram cesárea prévia têm risco de rotura uterina em uma nova gestação. Portanto, diante de um risco tão baixo, com acompanhamento pré-natal adequado e preparação física para o parto, as chances de conseguir um parto normal após ter tido o primeiro filho por cesariana são extremamente altas, garante a ginecologista e obstetra Dra. Mariana Stival. “É muito mais seguro tentar um parto normal, mesmo que se tenha uma cesárea anterior, do que realizar um novo procedimento cirúrgico.”A partir de duas cesáreas, ou seja, dois cortes no útero, o risco de acontecer uma ruptura da cicatriz durante o parto aumenta, mas é menor que 2% conforme dados recentes. Isso tem incentivado ainda mais estudos com o objetivo de aumentar as tentativas de parto normal também após a segunda cesariana. Porém, atualmente, a orientação entre os especialistas é de se optar por uma nova cesárea para garantir a segurança de mãe e bebê.Embora o parto vaginal após a cesárea seja possível na maioria das vezes, algumas precauções devem ser tomadas. Recomenda-se aguardar de um ano e meio a dois anos entre a cesárea e o parto normal, para garantir que a cicatriz tenha resistência suficiente para que tudo corra em segurança. É importante também uma preparação física com exercícios e massagens perineais feitos por um fisioterapeuta para fortalecimento e aumento da elasticidade do assoalho pélvico, favorecendo o trabalho de parto.Apesar da rotura ser um problema raro, quando ela acontece é muito grave. Por isso, a gestante com cesárea prévia não deve optar por um parto domiciliar. “Vai ser muito melhor para ela tentar o parto no hospital, que está preparado para qualquer intercorrência”, afirma a Dra. Mariana. Afinal, o acompanhamento do trabalho de parto dessa gestante é mais sistemático. “Ficamos mais vigilantes quanto à vitalidade fetal e quanto aos aspectos do útero que possam indicar a iminência de rotura uterina e, consequentemente, a realização de uma nova cesárea”, explica a obstetra.Tudo o que puder ser feito para favorecer o trabalho de parto é bem-vindo, pois há limitações quanto à indução do parto em gestantes com cesárea prévia. Se não houver dilatação, a Dra. Mariana explica que é aplicado o método de Krause, um método mecânico para estimular a dilatar. Mas se a paciente já tem uma certa dilatação é possível usar ocitocina, mas nunca o misoprostol. Outra alternativa é romper a bolsa, mas também precisa haver alguma dilatação. “Qualquer que seja o seu caso, o mais importante é fazer uma avaliação junto ao seu médico, levando em consideração o seu histórico, para tomar sempre a melhor decisão para você e para seu bebê”, reitera a Dra. Mariana.