Quando a mulher se descobre grávida, muitas dúvidas passam por sua cabeça, inclusive sobre sua alimentação. Afinal, toda mamãe deseja que seu filho se desenvolva bem e nasça supersaudável. E para que isso aconteça, a gestante precisa tomar alguns cuidados com os alimentos que está consumindo. O estado nutricional da grávida é fator fundamental para a saúde dela e do bebê. “É por meio da alimentação materna que o pequeno vai receber toda a energia e os diversos nutrientes para evoluir da melhor forma possível. É também pelo que come que a mãe irá garantir seu bem-estar durante os nove meses, prevenindo o aparecimento de possíveis complicações, como anemia, excesso ou ganho insuficiente de peso e diabetes”, alerta a nutricionista clínica e de gestantes Dra. Mirella Monteiro. A profissional traz, a seguir, um tira-dúvidas completo sobre o assunto. Confira:
O consumo de calorias, vitaminas e minerais deve ser maior entre as grávidas? Por quê?
De vitaminas e minerais, sim. Gestantes necessitam ingerir diariamente quantidades adicionais de proteína, ferro, cálcio, ácido fólico, vitamina A, vitamina C, dentre outras. Já as necessidades energéticas variam de acordo com o peso pré-gestacional, semestre em que a mãe se encontra, nível de atividade física e tipo de gestação (única, gemelar, trigemelar). Essa necessidade deve ser calculada pelo nutricionista. Exemplo: uma mãe que inicia a gestação com obesidade não precisa aumentar a quantidade de calorias ingerida, deve somente alterar a composição da dieta alimentar.
Quais nutrientes são fundamentais na dieta da gestante?
Todos os nutrientes são importantes. Dentre eles, damos atenção especial às proteínas, ao ferro, ao cálcio, ao ácido fólico e à vitamina A.
Qual deve ser a frequência de alimentação da gestante?
No geral, as gestantes devem comer de três em três horas. Quando apresentam enjoo ou azia, elas devem comer de duas em duas horas.
Quais os erros mais comumente cometidos pelas gestantes em relação à sua alimentação?
Permanecer por muito tempo em jejum, acrescentar alimentos ricos em cálcio nas refeições ricas em ferro (isso atrapalha a absorção do ferro), tomar os suplementos prescritos pelo obstetra em horários errados, comer menor quantidade de frutas, verduras, alimentos ricos em cálcio e ferro que o recomendado, má higienização das frutas e verduras e consumo elevado de alimentos ricos em açúcar e gordura ruim.
O que comer para evitar ou diminuir enjoos, tão comuns no início da gravidez?
Os enjoos geralmente começam com seis semanas de gestação e podem ir até 16 semanas. Algumas medidas dietéticas têm sido sugeridas para o alívio dos sintomas. São elas: evitar refeições ricas em gordura (principalmente em gestantes que têm digestão lenta); ingerir alimentos secos, como biscoitos cracker ou torradas, antes de levantar da cama; fazer refeições em intervalos frequentes (2 a 3 horas), com lanches ricos em carboidratos; fazer refeições em uma área bem-ventilada, sem odores; evitar condimentos/temperos e aroma fortes; preferir água e sucos bem gelados, gelo também ajuda; beber água com gás bem gelada e picolés de frutas. E, para auxiliar, eu prescrevo um suplemento que é recente no Brasil. Trata-se de uma combinação de piridoxina (vitamina B6) com gengibre, cuja principal vantagem é ser a única fórmula comprovadamente segura para gestantes. Esse suplemento está na normativa para tratamento de enjoo da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
Em média, quantos quilos a gestante deve engordar durante a gestação?
Em função do estado nutricional no início do pré-natal, é possível estimar o ganho de peso total até o final da gestação. Para cada situação nutricional inicial (baixo peso, peso adequado, sobrepeso ou obesidade), foi definida uma faixa de ganho de peso adequado. Segundo padrões da American Dietetic Association (ADA), de 2002, as recomendações ganho de peso total na gravidez são: para gestantes que engravidam com baixo peso: de 12 a 18 kg; para as com peso adequado: 11 a 13 kg; com sobrepeso: 7 a 11 kg e as com obesidade: menos de 7 kg.
O que acontece se o ganho for muito abaixo ou acima dessa média?
O baixo peso materno durante a gestação está associado à maior suscetibilidade de infecções, como as do trato respiratório e urinário, e à presença de anemia. Nesses casos, o bebê corre o risco de apresentar déficit do desenvolvimento neurocognitivo, prematuridade e ganho de peso e/ou comprimento insuficientes, levando ao nascimento de crianças pequenas para a idade gestacional. Já o ganho de peso acima do recomendado está associado ao desenvolvimento de diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, trabalho de parto prematuro, hemorragias pós-parto, partos por cesárea, infecções, macrossomia fetal e obesidade na infância.
Como funciona o acompanhamento com a nutricionista nessa fase?
Na primeira consulta é feita uma avaliação nutricional, colhendo todas as informações necessárias para a personalização do plano alimentar. Com esses dados, calcula-se o plano alimentar personalizado, que é entregue e explicado à gestante. A partir dali, começa o acompanhamento nutricional. Geralmente de 15 em 15 dias ou uma vez por mês ela retorna ao consultório para pesar, tirar dúvidas, trazer novos exames de sangue e fazer as alterações necessárias ao trimestre e às suas preferências. A avaliação e o acompanhamento nutricional têm como objetivo identificar precocemente os problemas nutricionais da gestante, corrigindo-os para que o desenvolvimento do bebê não seja prejudicado, assim como para que não ocorram prejuízos na saúde materna.