Como criar filhos de bom caráter?
Seu filho não é a criança que você foi antigamente. A criação que você recebeu dos seus pais não necessariamente é o modelo que deve ser seguido para moldar o caráter do pequeno. E esse, se será bom ou ruim, depende muito da abordagem que você tem com a criança no dia a dia. Ser autoritário, punitivo ou, por outro lado, permissivo só negligencia as habilidades sociais que a criança precisa desenvolver para se tornar um adulto equilibrado e responsável.

Para a coach parental Samara Fernandes, o segredo é tratar as crianças com dignidade e respeito, envolvendo-as nas decisões, mas sendo firme quando necessário. Esse é o princípio da Disciplina Positiva. “Quando usamos a firmeza com gentileza, as crianças aprendem que seu mau comportamento não atinge os resultados que esperam e assim são motivadas a mudar”, orienta a especialista.

A primeira medida é compreender o resultado da punição. Os pais só acreditam que ela funciona porque interrompe o mau comportamento imediatamente. Mas o segredo é não se enganar pelos resultados imediatos. A longo prazo, você só colherá crianças ressentidas, que querem se vingar, que se tornam rebeldes, dissimuladas para não serem pegas em uma próxima vez, ou mesmo que crescem com a autoestima abalada. “De onde nós tiramos a ideia de que para levar uma criança a agir melhor antes precisamos fazê-la se sentir pior?”, questiona Samara.

Porém, a coach parental alerta que aplicar a Disciplina Positiva não é tornar-se permissivo para não ser punitivo. Ao mesmo tempo, a firmeza pontuada aqui não significa sermão ou alguma forma de controle, ela nada mais é do que conversar e envolver ao invés de se impor. Por exemplo, as frases de gentileza e firmeza a seguir vão ajudá-lo a evitar linguagens desrespeitosas e aumentar a cooperação:

  • Está chegando a sua vez.
  • Eu sei que você consegue dizer isso de uma maneira respeitosa.
  • Eu me importo com você e vou esperar até que nós dois possamos agir com respeito para continuar essa conversa.
  • Eu sei que você consegue pensar em uma solução que nos ajude.
  • Aja, não fale (silenciosa e calmamente pegue a criança pela mão e mostre o que precisa ser feito).

Além disso, outra dica da especialista é envolver as crianças quando for estabelecer e fazer cumprir os limites. “Crianças precisam se sentir necessárias. Quando elas têm alguma escolha, sentem-se fortalecidas, seguras e socializadas. Assim, são muito mais dispostas a respeitar os limites que elas ajudaram a criar e quando isso não acontecer questione-as sobre porque os limites não foram respeitados e o que elas podem fazer para solucionar o problema”, aconselha a coach parental.

Aqui entra outra dica muito importante que é ensinar os filhos a aprenderem com os erros, colocando-os de maneira respeitosa, não acusatória, a refletir sobre o que fizeram de errado e até a encontrar uma solução juntos.

Você vai notar que está obtendo sucesso na formação do caráter da criança ao ver diminuindo consideravelmente o que considera mau comportamento, que nada mais é do que uma mensagem que seu filho passa de que não está se sentindo importante e aceito. Então, quando ele está “prosperando”, está desenvolvendo suas habilidades sociais, como autoestima, responsabilidade, autocontrole, sabedoria, autoconfiança, limites, capacidade, entre outras.

Ajuda

Todas essas dicas não são simplesmente uma receita, até porque não dá para ser exato quando o assunto é comportamento em família. Se você se sente perdido diante de tantas informações e cobranças em ser uma mãe ou um pai perfeitos, a ajuda de um coach parental pode ser bem-vinda.

Fique tranquilo, o profissional não vai te dizer "faça isso" ou "faça aquilo". "Com o coaching parental, os pais ganham o olhar de alguém que irá ajudá-los a acessar seus próprios recursos e direcionar sua família para o caminho mais saudável, ou seja, por meio de ferramentas, técnicas e vivências o coach irá desenvolver todo o potencial dos pais como educadores, capacitando a construção de relacionamentos mais saudáveis”, afirma Samara Fernandes.